Metabolômica: projeto se expandirá e fará conexão com toda área cafeeira do Brasil
![]() |
Dentro das ações do Laboratório de Análise e Pesquisa em Café- Lapc, o Ifes Venda Nova está conduzindo uma pesquisa que se expandirá e fará conexão com a área produtiva de café de todo o Brasil, formando uma base de conhecimento que envolverá e beneficiará toda cadeia. O projeto metabolômica busca a compreensão avançada dos microrganismos presentes no solo, nas plantas de café e nos frutos e como estes microrganismos interagem com a qualidade final do café.
Por enquanto, o Lapc está conduzindo um modelo um pouco menor num projeto que vem desenvolvendo nos últimos anos. “Já temos mapeado o Estado do Espírito Santo. A proposta é expandir essas ações para todo o Brasil, através dos parceiros que possuímos nos Estados produtores de café. Os microorganismos presentes no solo compõem uma grande diversidade microbiana que acaba interagindo com o cafeeiro. Temos resultados relevantes a respeito da interação da microbiota do solo com o fruto do café e como estes agentes podem interferir na qualidade. Vamos compreender melhor o seu uso e como podemos aproveitar melhor suas características’’, observa o professor Lucas Louzada, que é coordenador dos projetos tocados pelo Lapc.
De acordo com o professor, neste projeto estão envolvidos alunos de doutorado e pós-doutorado, por exigir ações complexas que lidam com múltiplas informações e um volume de dados gigantesco. Sua conclusão vai consolidar Venda Nova com uma referência em formação e como fonte de informação de conhecimento. “A meta era concluir todos os experimentos neste ano. Porém, com a questão do Covid-19, temos reconsiderado executar no ano de 2021 com mais cautela e segurança para nossos alunos, servidores, parceiros e produtores envolvidos”.
A atuação do Lapc com as famílias envolve muitas instituições e Louzada faz questão de lembrar do trabalho pioneiro do Incaper, com a pesquisa, assistência técnica e extensão, a Ufes, como uma grande geradora de conhecimento científico e, mais recente, o Ifes, com o foco na pesquisa aplicada, visando resolução de problemas mais imediatos junto à comunidade.
“Neste ínterim de ações, podemos dizer que o cenário atual é diferente das últimas décadas. O mundo se tornou globalizado e quem deseja produzir cafés especiais tem em mãos muitas ferramentas técnicas que possibilitam a conectividade com muitos mercados. Também existem as plataformas sustentáveis para o comércio de microlotes de café e temos que valorizar o trabalho de agentes comerciais que atuam em nossa região”. Louzada vê que nessa conjuntura o produtor de café especial passou a ter maior relação com o consumidor final, seja com a venda direta, seja com a industrialização do produto mais personalizado, bem como a prospecção de mercados externos que são feitas por estes agentes citados.
![]() |
Existem trabalhos pioneiros no Espírito Santo, como o caso do Café Seleção do Mário, de Mário Zardo, no Alto Caxixe (Venda Nova) e o Café Vale do Caxixe, de Carlos Altoé, no Forno Grande (Castelo). Também nesse roll estão as cafeterias tradicionais de nosso Estado como a Kaffa, a antiga Cafeteria Carnielli (recentemente incorporada a Terrafé Cafeteria). Além da atuação pioneira das cafeterias de São Paulo como a CoffeeLab, Isso é Café, UmCoffee, Spot Café, que fazem um trabalho muito especial com produtores da região Serrana do Espírito Santo e também do Caparaó.
Dezenas de outros nomes de outros estados e até mesmo de outros países poderiam ser citadas. Para Louzada, o produtor ganhou a coragem de ousar e acreditar na produção do café especial a partir do terroir que existe neste Estado. “Poucas regiões produtoras no mundo possuem o que temos, relevo, clima, identidade e qualidade. Serrana e Caparaó constituem uma zona de produção de cafés exóticos, com características genuínas, em nenhum lugar do mundo se encontra um café com descritores sensoriais de notas de melaço de cana, rapadura, acidez cítrica e floral como o produto produzido por estes produtores”.
Embora não seja competência a assistência técnica, os projetos do Labc, alguns produtores criaram mais vínculo com o Ifes, provavelmente pelo fato de serem alunos, egressos ou até mesmo por compreenderem que a instituição é pública e que se os procedimentos internos forem respeitados, todos podem fazer bom uso do espaço.
Nesta linha de ação, Louzada cita alguns produtores que orgulham a Instituição pelos frutos colhidos: a Família Brioschi (Alto Tapera/Venda Nova), na figura do ex-aluno Dério Brioschi; a Família Tomazzini (Bateia/Castelo), representada por Valdeir Tomazzini; e Antônio Dazílio Delpupo, Luciano Pimenta e Luciano Delpupo, de Vila Pontões, em Afonso Cláudio. De Brejetuba, ele cita o reconhecido 'embaixador da qualidade', Joselino Meneguetti; de Ibitirama, Flávio Freitas; de Muniz Freire, Edalmo Pessim, e, do Norte do Estado, os produtores Lucas e Isaac Venturim, Rodrigo Rigo e os irmãos Jhonas e Thiago Orletti.
“São muitas as famílias que nos ajudam e que acabamos ajudando direta e indiretamente. Fazem a menção é sempre difícil, pois sempre esquecemos de alguns amigos que estão presentes. Estes nomes citados estão conseguindo ir além no quesito qualidade e encontraram mercados que têm feito a diferença em nosso Estado, como um todo. Porém, como disse inicialmente, existem outros parceiros públicos e privados que fazem um trabalho brilhante com centenas de famílias, faltariam páginas para citar todos...”