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Mestre cervejeira lança marca que homenageia família

Mestre cervejeira lança marca que homenageia família

Filha do meio e formada em direito, Larissa optou por voltar para o interior, onde fez da sua paixão por cerveja artesanal o negócio da sua vida

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Foto Wanda Ferrera/Jean Davies

 

 

 

 

 

 

Larissa Borges Grecco, 27 anos, segue os passos da mãe: é uma empreendedora corajosa. Formada em direito pela faculdade Novo Milênio, em Vila Velha, em 2016 ela retornou para casa paterna, em Alto Viçosa, Venda Nova, para atuar no escritório do pai.

Nesta mesma época Larissa começou a produzir cerveja para o consumo da própria família e para presentear alguns amigos. “As panelas tinham capacidade para produzir 50 litros e tudo era consumido em 15 dias”, diz a moça que desde o início da atividade de lazer produzia Ipa, summer aler, red e outros tipos.

Uma certa quantidade de cerveja era engarrafada e dada de presente aos amigos, que passaram a querer comprar a bebida produzida por Larissa. A produção em pequena escala continuou durante três anos até que ela foi convencida que havia mercado para uma ampliação.

Até então, Larissa usava a estrutura de uma casinha meio abandonada, logo atrás da casa principal da família. “Era uma casa antiga e ninguém morava nela. Ali ficavam as panelas, os pequenos estoques e todo o processo produtivo”.  E, para experimentar um pouco mais do impacto da bebida no gosto de mais pessoas, Larissa começou a colocar parte de sua produção na recepção dos Chalés Grecco, na verdade na sala da casa da família.

Foto Wanda Ferrera/Jean Davies

Quando resolveu ampliar a produção de cerveja, há cerca de um ano, a família estava construindo uma nova recepção para os chalés. Como investimento na cervejaria, foram compradas panelas de 300 litros e construída uma sala de produção, anexa à antiga casinha, que agora abriga o laboratório e o depósito de grãos de malte e lúpulos.

No embalo do crescimento, a família resolveu ampliar o que seria a recepção para construir uma cervejaria digna de receber os visitantes. A estrutura toda em madeira, com deks e varandas, bancos, mesas e cadeiras é cercada de palmeiras real, onde tucanos, araçari, jacu, sofreu e sanhaço vão se alimentar, proporcionando um atrativo à parte.

O novo espaço ficou pronto em plena pandemia e, para se adequar as medidas sanitárias, as mesas foram separadas com o espaçamento adequado. De portas abertas ao público há seis meses, a cervejaria funciona todos sábados, domingos e feriados, de acordo com o mapa de risco, sempre alinhando a produção à demanda.

Para acompanhar as bebidas, a cozinha prepara petiscos como barriguinha, joelho e costela suína, filé com batatas, entre outros. “Todo cardápio foi alinhado com a experiência culinária da família com a da cozinheira contratada. A costela suína e o joelho de porco estão entre os petiscos que mais se destacam. Já as cervejas, as mais fortes e escuras estão na preferência na época do inverno e as mais leves e claras, no verão”, diz Larissa.

Nesses quatro anos de experiência com a produção artesanal, Larissa buscou aprimoramento em cursos como o de somellier de cerveja na Escola Superior de Cerveja e Malte de Blumenau, Santa Catarina. Na ocasião, a escola ofereceu o curso em Vila Velha.

Em um ambiente tipicamente masculino, Larissa está entre as poucas mulheres que estão conquistando espaço. “Nos cursos, as pessoas estranhavam um pouco minha presença, mas se mostravam simpáticas”. Ela também sentiu a mesma receptividade no Município, onde há muitos homens envolvidos na atividade, tanto que ela faz parte da Associação dos Cervejeiros Artesanais das Montanhas do Espírito Santo- Acames.

Em meio aos chalés

 
 
Fotos Wanda Ferrera/Jean Davies

A atividade cervejeira, assim como a própria cervejaria, veio para agregar ao serviço de hospedaria oferecido pela família. A Pousada Chalés Grecco nasceu por iniciativa da matriarca, Rosângela Borges Grecco, que no princípio teve que vencer a resistência do esposo, Elmo Grecco. “Ele não acreditava muito que daria certo e foi surpreendido pelo sucesso”.

Tudo começou quando há dez anos os vizinhos colocaram dois chalés à venda e a família resolveu comprar, pois o acesso era via propriedade deles. “Passei a alugar para grupos em finais de semana e temporadas. Os chalés são grandes, têm quatro quartos, churrasqueira e piscina, e percebi o interesse de casais em alugar o espaço. Foi então que decidi construir dois chalés exclusivo para casais”.

Rosângela caprichou nos detalhes: excelentes roupas de cama e banho, la-reira, banheira com vista para a natureza e uma minicozinha toda equipada, com itens escolhidos a dedo. “Foi um sucesso, com hóspedes quase todos os finais de semana. Continuo alugando os chalés grandes para famílias e empresas e ainda posso agregar o aluguel de uma chopeira com a bebida preparada pela Cervejaria Grecco”.

Os aluguéis dos chalés grandes e a hospedagem nos de casal vieram para agregar renda à propriedade cuja linha de frente da produção é o cultivo do tomate. O milho e o feijão são complementos, sendo que o primeiro é para alimentar o gado de corte.

Há cinco anos foi construído os dois primeiros chalés para casais e a grande demanda foi a inspiração para que Rosângela se animasse a construir mais dois, com mais luxo ainda. “Já perdi a conta de quantos pedidos de casamentos foram feitos nos nossos chalés. Fazemos uma decoração com rosas vermelhas especial para esses momentos”.

Atualmente são sete chalés e mais três estão em fase de construção, estes com vista para a Pedra Azul. “Investimos no romantismo, pois achamos que os casais precisam desse momento só deles, sejam solteiros ou casados. Por isso não aceitamos crianças”.

Com a pandemia, as cozinhas equipadas nos chalés foram muito importantes para manter o distanciamento. “Não servimos café e os próprios hóspedes podem preparar. A forma de pagamento, por Pik Pay ou cartão também facilita o isolamento e a distância entre as unidades confere privacidade”.

Os chalés, todos com nomes de flores, são cercados de verde e a família está investindo cada vez mais em jardinagem. Com a pandemia, sua filha mais nova, Ana Luiza, de 15 anos e que estuda no Ifes- Campus Venda Nova, se envolveu ainda mais na atividade e, além de cuidar das decorações românticas, está administrando todo o trabalho nos chalés, conferindo a limpeza e a arrumação.

Rosângela se diz feliz a ter duas de suas três filhas envolvidas nas atividades familiares, fazendo os negócios da propriedade prosperarem. Já a filha   mais velha do casal está concluindo o curso de medicina na Argentina.

Natural de Cariacica, Grande Vitória, Rosângela conheceu seu marido na Festa da Polenta de 1988. “Eu vim passear com a irmã dele, que era minha colega de escola. Logo começamos a namorar e nos casamos”, conta. No entanto, ela deixou sua vida urbana de lado e trabalhou firme na lavoura ao lado de Elmo. “Nosso empreendimento, além de proporcionar momentos de prazer para as pessoas, também uniu ainda mais minha família e trouxe mais prosperidade para nossa propriedade”, diz a sempre sorridente Rosângela.

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