Luciana: felicidade familiar e realização profissional entre peças de enxoval
Ela encerrou um projeto profissional para cuidar da saúde do marido e depois precisou cuidar dela própria para retomar seus negócios, se empenhando em um novo empreendimento. A loja de enxovais é resultado de uma longa trajetória e da descoberta do que gosta de fazer da vida
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É entre lençóis, colchas, toalhas e outros enxovais, que Luciana Dalfior se realiza. Dona de uma loja linda e bem localizada no bairro Vila Betânea, em Venda Nova, ela se sente feliz atendendo suas clientes, a quem ela mostra o que melhor garimpou no mercado para deixar as casas mais bonitas e com cara de felicidade.
A loja é linda. Os produtos também. Mas o que faz mesmo a diferença é a garra dessa mulher que venceu vários desafios, em vários setores da vida, e essas experiências a deixaram mais forte e com um olhar mais apurado para tomar decisões.
“De todas as intempéries que passei, abri minha loja num período econômico difícil, ouvindo mensagens negativas. Acredito que as experiências anteriores de minha vida me deixaram mais forte, fizeram de mim uma pessoa que acredita, independente do que o cenário oferece. Além do momento difícil do Brasil, eu também não tinha o dinheiro suficiente e nem o local certo para abrir a loja”.
Na verdade, esta é a segunda experiência no comércio. Ela manteve uma loja também de enxovais, no mesmo bairro, mas em sociedade. A loja ia bem e ela resolveu vender para poder cuidar do marido, que descobriu um câncer e precisava de um longo período de tratamento.
A doença do marido veio quando sua filha tinha apenas um ano e a história dessa gravidez já foi um grande desafio e também um grande milagre em sua vida. Anos antes, já conformada com o fato de que não poderia ter filhos, ela engravidou acidentalmente, perdeu o bebê, e aí decidiu que tentaria ter um filho, contrariando as expectativas médicas. “Tinha o útero invertido e pouco desenvolvido. Quando a gravidez acidental demonstrou que havia possibilidade eu queria apostar nela. Nasceu a Grabiela, meu grande presente na vida, que hoje tem 8 anos”.
Com a dedicação ao tratamento do marido, longos períodos longe da filha que ela tanto curtia, veio o sobrepeso. O marido se curou e no final desse processo ela tinha pavor de subir na balança e a sua autoestima baixa fez com que ela se isolasse e engordasse ainda mais. Ela ganhou quase 50 quilos. Depois de cinco anos se sentindo triste com o seu corpo, Luciana resolver dar a volta por cima e a cirurgia bariátrica foi o caminho indicado pelos médicos.
Depois da bariátrica, ela voltou ao seu peso anterior e fez algumas cirurgias de reparação. O melhor foi ganhar o bem estar físico e psicológico, motivando-a para voltar à ativa e retomar sua tão querida vida de comerciante, trabalhando em especial com enxovais, sua grande paixão.
Só que tudo isso aconteceu bem no deslanchar da crise econômica no Brasil. Além de pouco incentivo das pessoas, que a desencorajavam, ela não tinha dinheiro suficiente e também não conhecia um ponto comercial interessante disponível no bairro Vila Betânea, nas proximidades de onde mora. “Num encontro casual, uma cliente e grande amiga falou que gostaria que ela reabrisse sua loja e voltasse a colocar no mercado aqueles produtos tão bonitos e especiais. Eu disse a ela que isso estava nos meus planos, mas que não tinha ponto. Foi quando ela me disse que o ponto que eu precisava estava bem do outro lado da rua, no térreo do seu prédio em vias de conclusão. Considero isso uma providência divina, pois tudo se encaixou e a loja funciona conforme eu sonhei”.
Essa alegria de trabalhar com enxovais foi descoberta pelo acaso da vida. Luciana trabalha desde os dez anos: já foi babá, funcionária de um supermercado, de uma farmácia e, finalmente, de uma loja de confecção, quando lidou de perto com peças de enxoval. “Logo me identifiquei e comecei a sonhar em ter um negócio próprio. Nessa minha trajetória, entre altos e baixos, sempre contei com o incentivo do meu marido, que é mecânico e tem muita sensibilidade para enxergar que meus sonhos são importantes. Sou uma pessoa abençoada e muito feliz.”