Lorenza e Fernanda à frente da marca Venturim Conservas
Data de Publicação: 22 de fevereiro de 2019 13:59:00 Duas jovens empreendedoras tocam projeto que beneficia e coloca palmitos em conserva no mercado. Outros produtos já agregam o portfólio e novos estão em desenvolvimento
![]() |
Nem todos que veem os Palmitos Venturim nas prateleiras dos supermercados da região e da Grande Vitória imaginam que duas jovens mulheres tocam o empreendimento. Lorenza Venturim e Fernanda Altoé, de formação acadêmica diferente, entraram no projeto por motivos também diferentes e com funções complementares tocam a indústria de beneficiamento, cuja marca está em linha ascendente de expansão e desenvolvimento no mercado.
Lorenza é formada em ciências sociais pela Ufes e, quando retornou para Venda Nova em 2011, passou a se envolver com a propriedade onde mora a família, no distrito de São João de Viçosa. Ainda não absorvida completamente em algum setor dos negócios da família, Lorenza trabalhou no Sebrae como Agente Local de Inovação e também fez especialização em marketing empresarial. O pai de Lorenza, Cleto Venturim, vislumbrou o sucesso de uma indústria de beneficiamento de palmito na região e, convidada para integra-se ao projeto, Lorenza assumiu por completo a parte da família na empresa, que inicialmente tinha um terceiro sócio.
Em março de 2013, Fernanda Altoé, formada em engenharia de alimentos pela Ufes, foi contratada para assessorar o empreendimento, pois já havia estudado sobre o beneficiamento de palmáceas em sua graduação, e acompanhou desde o início da obra física da fábrica. Quando a empresa estava em fase de vistoria e obtenção dos documentos legais, Fernanda foi convidada a ser sócia do projeto. Fernanda é a responsável por todo processo de produção, acompanhando todas as etapas desde a chegada da matéria-prima até o envasamento, assim como é responsável pelos testes de qualidade das amostras dos lotes produzidos, seguindo todos os requisitos da legislação em vigor.
As conservas de palmito pupunha são produzidas em diferentes cortes, sendo os principais os de toletes/ inteiro, nas formas de cubo/picadinho e em dois tamanhos de rodelas. A marca também lançou com sucesso cortes como as lâminas para lasanha, o espaguete e o carpaccio, além de manter os formatos em estrela, coração e flor. A empresa oferece aos clientes o beneficiamento do palmito em várias embalagens e em diferentes condições de conservação – fresco, congelado e em conserva – garantindo personalização sem abrir mão da qualidade.
Além de ser um dos pratos preferidos entre os brasileiros, o palmito traz vários benefícios para a saúde como por exemplo alto teor de fibras e baixo teor de açúcares e gordura, resultando em baixo valor calórico, e conta com a presença de minerais, como: potássio, cálcio, fósforo e sódio. Os cortes tipo espaguete e lâminas também têm a função de substituir massas tradicionais, para os que preferirem refeições leves e livres de glúten e lactose.
Apesar de os cortes criativos serem uma forma diferente de apresentar e aproveitar a matéria-prima, eles têm a mesma qualidade e maciez dos cortes principais. Para esse corte o trabalho é ainda mais manual, onde a equipe treinada sabe reconhecer as características importantes do palmito a ser preparado para ir para a mesa dos consumidores. “Com o passar dos anos percebemos como o rendimento da lavoura muda. Há três anos, nos primeiros cortes das lavouras dos nossos fornecedores, a quantidade do produto gerado pela base da haste era maior, que é a parte que usamos para fazer o corte em cubos, espaguete, lâminas, estrelas, carpaccio, entre outros. Atualmente as hastes de palmito chegam mais compridas e rendem mais no corte tolete/inteiro do que na parte da base, por já estarem no quinto ou sexto corte, o que influencia nas nossas possibilidades de oferta”, explica Fernanda.
Estão em fase final de testes as embalagens flexíveis como substitutas às embalagens de vidro, que são mais econômicas e práticas, e que segundo as análises da empresa provavelmente terão maior demanda para o setor de bares e restaurantes. O processo de produção e envasamento é parecido com os potes de vidro usados atualmente e a proposta é oferecer o produto com a mesma qualidade, só que de forma mais prática para o transporte e armazenamento e com menos custos, influenciando no valor final para estes estabelecimentos.
![]() |
No mercado desde novembro de 2014, os produtos da marca Venturim já passaram por reformulações de rótulo incluindo alteração da marca propriamente dita, o que foi fundamental para melhor comunicação dos valores da empresa ao mercado. Esses realinhamentos mostraram que a dupla de empreendedoras está no caminho certo. Além de apresentar novos produtos, como a pimenta biquinho e o cogumelo em conserva, a marca ganha vantagem ao otimizar o aproveitamento das matérias-primas e a mão de obra disponíveis, dando mais regularidade ao processo de produção.
As ações de marketing estão consolidando a marca Venturim como Produto Capixaba oriundo de Venda Nova, com garantia de maciez, no caso do palmito, realçando o verdadeiro sabor dos produtos com os quais trabalha. Quem compra os produtos Venturim tem a certeza de adquirir um alimento seguro e de qualidade, não tendo mais que tentar a sorte nas prateleiras dos supermercados. Como afirma Lorenza, “Quem compra os palmitos Venturim em conserva tem a certeza que estão 100% macios e isso se deve a um longo processo de trabalho, que começa na relação de confiança com o fornecedor da matéria-prima e vai até o envasamento, armazenamento e transporte do produto final”.
A parte comercial foi outro gargalo inicial que a marca conseguiu superar, contratando uma equipe de venda externa e adquirindo um carro de porte médio para entrega e um caminhão. “Com o passar do tempo adquirimos um pouco de experiência na parte logística. A equipe foi treinada para fazer uma entrega eficiente. Várias rotas estão definidas e conquistamos lugares fieis nas prateleiras de supermercados importantes”, afirma Lorenza.
Após quatro anos de mercado, as empreendedoras afirmam que com a experiência adquirida já é possível perceber as principais características do mercado, como a forte sazonalidade da atividade, as variações da matéria- prima conforme as condições climáticas. E com isso conseguem ler a concorrência para então posicionar a empresa diante desse cenário. Para toda atividade econômica a regularidade da venda, o controle dos custos e a produtividade são fundamentais para o equilíbrio financeiro. Com o palmito não é diferente, porém concretizar isso no atual cenário nacional não é simples. Duas das principais estratégias da dupla é desenvolver projetos para estimular o consumo dos produtos no inverno e começar os preparativos e adequações para exportação, para dessa forma conseguir melhorar o faturamento e, consequentemente, o resultado.
As diferenças sutis, porém importantíssimas, na qualidade do produto precisam ainda de novas estratégias para otimizar o uso da estrutura disponível para conseguir mais conforto no mercado, já que concorrem com produções clandestinas e/ou sem compromisso com a segurança alimentar. Todo processo de produção das conservas Venturim passam por rigoroso controle sanitário.
Com uma produção média de até 17 mil cabeças de palmito beneficiadas por mês nos períodos de alta demanda, a fábrica tem agregado valor à matéria-prima com a adesão dos novos cortes. O pagamento ao fornecedor atrelado ao rendimento tem como objetivo conscientizar o produtor a cuidar do plantio, garantindo uma produção mais eficiente. São em média 750 cabeças de palmito beneficiadas por dia. “É uma relação de confiança com o produtor, principalmente dele com a indústria, já que primeiro envia o produto e depois tem o resultado. Mas precisamos da matéria-prima e queremos continuar comprando dos fornecedores da região, então temos total interesse na satisfação dos nossos parceiros”, ressalta Fernanda.
Na primeira leva de produção das conservas, a fábrica optou pela matéria-prima da propriedade da família Venturim e, como o projeto nasceu do princípio do cooperativismo, incentivou-se a produção regional para a fornecimento e venda da matéria-prima. Dentro desse ideal, a marca já promoveu e vai promover seminários e mantém o diálogo com os produtores, orientando sobre como deve ser a produção que atende às necessidades. Será promovido um dia de campo, visando difundir melhores práticas nos tratos culturais e no manejo. “Incentivamos o produtor a cuidar melhor do plantio e o melhor caminho para conseguir uma matéria-prima de qualidade é o do conhecimento”, afirma Lorenza. O número de fornecedores cresceu bastante desde o início das atividades em 2014, e toda semana novos parceiros entram em contato.
Fernanda, que está na parte da produção das conservas propriamente dita, vê que a qualidade do produto já é um valor associado à marca e percebido pelos clientes. Com o casamento e viagem da sócia, teve a oportunidade de ficar um mês totalmente à frente da parte administrativa da empresa, ampliando sua visão do empreendimento.
Assim, as duas tocam um projeto de grande abrangência social e econômica numa sintonia fina, onde a parceria e o aprendizado sempre são os melhores orientadores para o sucesso de um trabalho. A Conservas Venda Nova, que produz a marca Venturim, tem história, unindo valores de raiz à força de duas jovens mulheres, que colocam toda sua sensibilidade à serviço de um projeto de vida.