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Fotógrafa se realiza registrando laços familiares

Fotógrafa se realiza registrando laços familiares

Data de Publicação: 23 de fevereiro de 2018 11:08:00 Wanda Ferrera se dedica há mais de anos à fotografia, ofício que ocupa os seus dias e os do companheiro Jean Davies

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Em julho de 2017 Wanda Ferrera faz dez anos de entrega ao ofício de fotografar. E no balanço de conquistas desta trajetória, ela é categórica ao afirmar sua paixão pela fotografia e, em especial, nos registros de felicidade familiar. “As experiências ao longo dos anos foram revelando os meus sentimentos guardados no coração, me provando que mais do que a técnica, precisamos colocar sentimentos no que fazemos.”

E Wanda é assim: puro sentimento, pura emoção. É um caso de amor com as cores, luzes, formas e no que isso tudo resulta em imagem, pois a estética das cores esteve presente em todas as suas escolhas profissionais, que culminaram com a fotografia.

Em 2008 Wanda concluiu o curso de design de moda na Faesa, em Vitória, onde se notabilizou ao ganhar um prêmio por uma produção de moda, e já trabalhava com maquiagem e penteados antes de ingressar na faculdade. “Meu primeiro trabalho na faculdade foi relacionado à fotografia, assim como meu primeiro estágio. Com estas experiência defini que seria fotógrafa”, lembra-se.

Wanda acredita que seus estudos e experiências com maquiagem, cabelo e moda ajudaram a formar uma boa base para as produções das fotos. Ela, como poucos, sabe muito bem posicionar o fotografado e ajudar a compor as pessoas, no caso de foto de grupos.

Momentos da vida

Apesar de atuar em vários estilos e propostas, Wanda gosta muito de fotografar gestantes, partos e recém-nascidos (new born). A afinidade foi aparecendo na medida que tinha oportunidade de fotografar. “São três fases importantes na formação da família: gravidez, nascimento e os primeiros dias de vida de um ser que veio para unir ainda mais o casal. São momentos importantes para a eternização dos laços familiares.”

Wanda descreve a gravidez como uma fase mais emotiva da mulher, quando o corpo e a mente passam por várias transformações, quando o registro merece carinho e atenção especial do fotógrafo. “Ela se cansa mais e está mais sensível... E muito plena também!”.

A fotógrafa observa que hoje as mulheres mostram a barriga com orgulho, ao contrário de antigamente que as regras de etiqueta pautavam na discrição. “Elas gostam de colocar a barriga em evidência e querem uma recordação deste momento de uma beleza diferente, carregada de singeleza, romantismo e também de sagrado.”

Já o parto, a emoção se sobrepõe à estética, numa situação onde o fotógrafo não interfere na cena, apenas registra. O desafio é ter sinergia com a mãe, procurar os melhores ângulos e ter o tempo certo de apertar o botão. “O momento é único e temos que dominar o time, mesmo diante de um acontecimento tão sublime, carregado de uma certa tensão e de muita emoção. A estética da fotografia é diferente e o que vale é a fidelidade ao momento. Sou uma figura neutra no ambiente”, descreve Wanda.

Tanto nos registros da gravidez quanto do parto, a cada dia mais os pais estão descobrindo o prazer de acompanhar as mães. Eles são fotografados beijando a barriga da mulher, com o rosto colado no dela e do bebê logo que nasce, assim como se aventura a segurar os pequenos com apenas alguns dias de nascidos. Para Wanda, os momentos de fotografar também incentivam essa aproximação masculina da maternidade.

Já os new born são os ensaios fotográficos com bebês de cinco a 15 dias, com um ritual exigente e cuidadoso para deixa-los à vontade. Nesta fase da vida, os bebês dormem bastante, o que permite aquelas fotos incríveis. “Antigamente eles eram mais frágeis e poucas vezes abriam os olhos. Hoje, os bebês nascem mais espertos, mas ainda dormem neste período o suficiente para que seja possível coloca-los em posições variadas e sempre confortáveis, resultando em fotos encantadoras”, diz Wanda.

Neste último caso, o estúdio é todo preparado para acolher o bebê com conforto e segurança: higienização, climatização, iluminação e materiais de apoio como almofadas, colchões, etc. “O pai e mãe entram no clima e também integram parte do ensaio, rendendo registros valiosos para o resto da vida.”

Wanda, que fez vários cursos para se especializar nestes três tipos de fotografia, costuma acompanhar os registros da criança até um ano.   “Quando a família faz questão, fotografamos outros momentos da vida dos filhos. Fazemos verdadeiros amigos e isto nos deixa muito gratificados.”

Jean Davies é o parceiro na vida e na profissão.

A fotógrafa fala no plural, pois em sua empreitada profissional conta com a participação do marido Jean Davies, que tem outras atividades profissionais. “Em vários trabalhos a gente se completa. É o olhar de um aguçando o do outro, fazendo que as imagens saiam ricas em detalhes.”

Mas afinal de contas, porque escolher trabalhar com fotografia? Como descrevemos nos primeiros parágrafos, Wanda sempre foi uma pessoa envolvida com a estética das cores. “Sempre fui muito visual”, se explica. “Eu me encanto pelas cores e acho que a fotografia reuniu todas as habilidades que construí ao longo de minhas experiências com estética e moda, completando uma lacuna sentimental ligada a minha infância: a família”.

E é com emoção que Wanda recorda de sua infância sofrida. Muito doente, praticamente viveu no Hospital Padre Máximo de Venda Nova até os quatro anos de idade. A sua fragilidade a privou do convívio com a mãe e os irmãos, que viviam com muitas carências numa comunidade rural de Venda Nova.

Mesmo doente e longe dos familiares, Wanda era uma pessoa alegre e que cantava muito. Sua graça encheu de encanto um profissional da biomédica, que junto com sua esposa resolveu criar a menina, mas que nunca a adotaram oficialmente. O casal, que ainda não tinha filhos, teve três depois da chegada de Wanda.

“Sou grata pelo que recebi, mas nunca consegui fazer parte de fato daquela e nem da minha família biológica. Eu só via as famílias do lado de fora do quadro. Além disso, tenho pouquíssimas fotos da minha infância - antes de quatro anos não tenho nenhuma - e isso sempre me fez falta. É como se tudo só existisse na minha cabeça: falta algo material no que eu possa tocar, ver, mostrar para minha filha... Dessa forma, quando eu fotografo as famílias, eu me realizo na felicidade e no registro delas”, disse Wanda, que hoje é muito feliz com a família que criou. Tem uma filha do primeiro casamento e vive uma união estável com seu parceiro de profissão.

E é atrás das lentes que Wanda também fez as pazes com o ambiente do hospital, festejando as novas vidas, o amor de mãe da qual foi privada e também o calor familiar. “Eu sou realizada fazendo o que eu faço. Eu me completo a cada registro. Eu festejo cada família feliz. Eu dou graças a cada vida que se forma!”

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