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FILHOS DE PRODUTORES egressos do Ifes emplacam campeões em concursos importantes

FILHOS DE PRODUTORES egressos do Ifes emplacam campeões em concursos importantes

Em 2020 os provadores da Farmers Coffee prepararam o lote do vendanovense que foi campeão nacional. Este ano, conseguiram levar quatro produtores para a final nacional, classificando dois para a internacional

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Os jovens empreendedores da Farmers Coffee- De pé, os irmãos Dério e Phelipe Brioschi,
entre Luiz Henrique Bozzi Pimenta e João Paulo Marcate. Todos participaram dos
projetos do Lapc/Ifes Venda Nova e pertencem à famílias produtoras de café.

Dos 11 cafés que os profissionais da Farmers Coffee prepararam para participar do Cup of Excellence 2021, quatro foram classificados para a final. Um lote é de Venda Nova, do produtor Fábio Zandonade, outro de Domingos Martins, de Vera Lúcia Pizzol, outro de Vargem Alta, de Roni Paste, e outro de Brejetuba, de Florentino Meneguetti. Os dois últimos foram classificados para a fase internacional.

Dério Brioschi, um dos sócios da Farmers Coffee, integrou o corpo de júri, formado por 16 provadores, que fez provas às cegas e ajudou a pontuar os 123 concorrentes para a fase nacional e os 40 para a internacional. Brioschi é juiz na Brazil Specialty Coffee Association- BSCA, condição que conquistou participando há alguns anos de concursos e mantém ao passar pela calibração periódica para continuar atuando.

Além de Dério e de seu irmão Phelipe, Luiz Henrique Bozzi Pimenta e João    Paulo Marcate compõem esse quarteto de alunos egressos do Ifes, que passaram pelo Lapc para aprender sobre processamento, fermentação e torra, e, sobretudo, a fazer provas para conhecer as nuanças do grão, suas virtudes e carências. Como também integram famílias agrícolas, alguns deles inscrevem seus cafés em concursos.

“Trabalhamos com produtores parceiros, incentivando-os e fazendo visitas para orienta-los com dicas para alcançar a qualidade. Provamos cafés, fornecemos laudos e preparamos lotes para concursos quando identificamos um café com potencial para ser premiado”, diz João Paulo.

Torrefadoras e cafeterias fazem parte da cartela de compradores, que confiam na avaliação dos profissionais. “A  maioria quer os microlotes, pois as cafeterias, principalmente, querem esse café único. Essas particularidades nem sempre estão relacionadas à pontuação, pois na maioria das vezes estes atributos diferenciam, conferindo personalidade a cafés com as mesmas pontuações”.

 

Oportunidade no Lapc

João Paulo é de Conceição do Castelo, filho de cafeicultores de Pedra Limpa, onde seus pais ainda moram. Assim como os sócios, está crescente profissionalmente com os resultados desse trabalho na Farmers. “Minha família produz colinon e eu estou esperando o meu momento de implantar projetos meus. Por enquanto, me dedico a fortalecer a empresa, aplicando meus conhecimentos nas propriedades dos parceiros”.

Além de ser provador na empresa, de forma especial, João Paulo é responsável pelo relacionamento com os produtores. “Foi uma porta que se abriu  quando eu me integrei aos projetos do Lapc. Minha ideia era cursar agronomia e a oportunidade de fazer ciência e tecnologia de alimentos no Ifes veio a calhar e não tem como eu descrever a oportunidade que tive no Lapc. Basta o bolsista se dedicar para aprender. Eu talvez nunca tivesse pegado esse caminho, pois lá eu aprendi muito e conheci meus sócios para esse projeto profissional”.

Nos próximos dias, a Farmers vai fazer a primeira exportação direta por conta da empresa, pois as anteriores foram através de uma trade parceira. Será para os Estados Unidos e eles acreditam que esta será a primeira de uma série, pois estão mandando vários microlotes de diferentes produtores para mostrar o potencial do café da região das Montanhas do Espírito Santo. “São mercados que ainda não descobriram que nossa região produz bebidas especiais e únicas tanto quanto outras origens tradicionalmente conhecidas no mundo. Lá fora ainda persiste a imagem do Cerrado Mineiro como produtor de especiais”.

João Paulo lembra que os cafés das Montanhas e do Caparaó contam com a Indicação Geográfica- IG, que certifica-os como lugares únicos. Isso ajuda muito, pois a IG relaciona nosso café a um produto com história. “Vai além da pontuação, pois existem famílias, colheita seletiva, rastreabilidade... Enfim, uma identidade que impacta os consumidores nas cafeterias”.

 

Família Pimenta

O quarteto se orgulha de ter provado e preparado o lote que a família Pimenta, de Venda Nova, concorreu e venceu o Cup of Excellence 2020. A equipe foi responsável pela triagem e essa vitória impactou de forma positiva a família de um dos sócios (Luiz Henrique Pimenta), o escritório, o Município  e também toda a Região das Montanhas, que se favorecem com o marketing gerado pelo título. O lote campeão foi inscrito no nome do irmão de Luiz Henrique, Luiz Ricardo, e a vitória veio alicerçada numa história que mescla tradição familiar com as inovações aplicadas pelo trio de irmãos completo por José Luiz Bozzi Pimenta.

“O resultado é um estímulo aos demais produtores que devem se preparar ao ponto de também poderem participar de um concurso dessa importância, pois traz muitas possibilidades de negócios futuros. Ainda é preciso dizer para o produtor que ele é capaz, que pode fazer qualidade e se beneficiar do resultado. O que ele precisa é de atenção, estímulo para receber e aplicar os conhecimentos”, observa João Paulo.

De acordo com João Paulo, o café que Fábio Zandonade concorreu, por exemplo, é um natural. Trata-se de um microlote atípico, pois costuma ser inviável numa região tão úmida, mas que a falta de chuvas desse ano possibilitou. Mesmo não sendo classificado para a fase internacional, estar entre os concorrentes já gera um reconhecimento.

Um outro vendanovense- dessa vez o patriarca dos Pimentas-, José Luiz Pimenta, está classificado para a segunda fase do Concurso Nacional Nosso Café Yara. O lote também foi preparado pelo escritório, que só inscreve os que têm possibilidades, embora a subjetividade dos avaliadores entre nos fatores determinantes do resultado. “Independente do nível de repercussão de um concurso, estar entre os finalistas já significa ganhos, pois são vitrines que atraem os olhares do mercado”.

O escritório está preparando alguns cafés para o concurso estadual. João explica se tratar de grãos que no processo de prova foi percebido um perfil de potencial. “Vamos montar os lotes e inscrevê-los. Quanto mais conhecemos os cafés produzidos, maior será a oportunidade de enviar para concursos”.

E tem surgido tantos cafés bons que a BSA, responsável pelo Cup, classificou 123 amostras ao invés das 100 previstas. “Muitos cafés excepcionais. Pode ser pelo fato de 2021 ser uma bianualidade de menor produção e por isso a colheita poder receber melhor atenção, bem como o clima que favoreceu para a formação dos açúcares de forma mais lenta. É um conjunto de fatores difíceis de mensurar”.

 

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