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Falta de vitamina D e distúrbios na tireoide podem causar depressão

Falta de vitamina D e distúrbios na tireoide podem causar depressão

No Setembro Amarelo, a médica Adriana Andrade traz uma reflexão sobre novas abordagens para o autocuidado, prevenindo assim casos de depressão que podem levar a consequências

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A vitamina D não é só uma vitamina, ela também é um hormônio que irá atuar no núcleo celular. Mas como ela atua na depressão? Ela aumenta o nível de neurotransmissores que são responsáveis para levar informação de um neurônio ao outro e que também se relacionam ao estado de humor do indivíduo. De acordo com algumas pesquisas, pessoas que ficam menos expostas ao sol têm mais facilidade ou são mais suscetíveis a ficarem mais tristes, depressivas e/ou com irritabilidade no humor. Por isso, aproveite cada minuto que tiver dias de sol e se exponha um pouco

 

 

A depressão é uma das doenças causadas pela falta de vitamina D. De acordo com a médica Adriana Andrade de Sousa, já existem comprovações científicas suficientes para fazer tal afirmação. A discussão agora é mais voltada para descobrir se a vitamina D pode ajudar a prevenir e tratar da depressão.

Corroborando com isso, as análises de um estudo com mais de 30 mil participantes fizeram estudiosos concluírem que são consistentes com a hipótese de que baixa concentração de vitamina D está associada à depressão e que falta de vitamina D pode aumentar em 75% o risco de depressão.

De acordo com um dos pesquisadores, “este estudo mostra que a vitamina D está associada a uma condição de saúde diferente da saúde óssea. O que é surpreendente é o grande efeito sobre a depressão, mesmo depois de contabilizar outras variáveis de controle”.

De acordo com Adriana, o resultado destaca a importância da constatação para o desenvolvimento de melhores políticas públicas. “Essa informação deveria incentivar governos a tomar novas medidas, pois o custo para suplementação de vitamina D é barato”, salienta.

driana faz um alerta afirmando que a depressão, seja pela falta de vitamina D ou não, é uma doença muito perigosa. Por conta disso, é necessário procurar um profissional para tratar dela.

Enquanto não têm políticas públicas para suprir essa necessidade, Adriana diz que há solução quando a pergunta do paciente é como pode suprir a falta de vitamina D no seu organismo. “Existe solução. Primeiro é essencial procurar ajuda de um médico. Certos alimentos podem dar uma força, já que eles proporcionam a tal vitamina, a exemplo dos peixes gordurosos, óleo de fígado de bacalhau e cogumelos secos”.

Adriana ressalta que “para suprir a necessidade diária de vitamina D, é necessário o consumo de grandes quantidades desses alimentos”. Porém, a simples exposição solar continua sendo a principal forma de ativar a vitamina D no corpo.

Já com relação aos sintomas de falta de vitamina D, eles podem acontecer de diferentes formas. De acordo com Adriana, a deficiência de vitamina D pode   causar dor óssea, dores musculares e até fraquezas. Vale ressaltar que essas situações podem afligir pessoas de todas as idades.

“A vitamina D é importante para o bom funcionamento do nosso organismo, para a regulação do sistema imunológico, que é nosso sistema de defesa, e ela faz parte de todo um processo de tratamento e prevenção, inclusive, de doenças autoimunes, como artrite reumatoide e a esclerose múltipla”, afirma Adriana.

 

As disfunções na tireoide e a depressão e os transtornos psiquiátricos

Tanto se associa o hipotireoidismo ao ganho de peso e à fadiga que muita gente não sabe que ele também pode levar à depressão. A boa notícia, de acordo com a médica Adriana, é que o cuidado adequado com a tireoide impacta de maneira positiva nas emoções.

Estima-se que 30% dos pacientes com depressão sofram com hipotireoidismo e, pelo menos, 50% dos pacientes com hipotireoidismo tenham depressão. Essas são informações do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Cansaço, alteração do sono, fraqueza, desânimo e ganho de peso são alguns dos sinais que podem indicar tanto depressão quanto hipotireoidismo.

Com a estimativa de que uma a cada duas das pessoas que tem hipotireoidismo apresenta sintomas depressivos e até mesmo depressão, o contrário também pode acontecer, já que quem tem depressão pode ter hipotireoidismo. “A explicação para isso está no fato de que os hormônios tireoidianos também interferem na produção de serotonina e noradrenalina, dois neurotransmissores ligados a várias áreas do cérebro e que atuam no humor, na libido, no raciocínio, na memória e no sono”, explica a médica.

É por tudo isso que os médicos especialistas avaliam as alterações de humor durante as consultas relacionadas ao hipotireoidismo, e vice-versa. “Só assim para fazer o diagnóstico correto e a prescrição de medicamento adequada à necessidade individual da pessoa, que ainda deve adotar bons hábitos, em especial a prática regular de atividade física, pois os exercícios melhoram a disposição, o bem-estar e até o humor”, completa Adriana.

Tanto nos casos de hipertiroidismo quanto nos de hipotiroidismo, sintomas psicológicos se manifestam e, muitas vezes, são justamente esses indícios que levam a pessoa ao médico. Afinal, quando humores e emoções não vão bem, toda a qualidade de vida sofre impactos.

 

“É importante, portanto, realizar exames prévios de análise da tireoide, antes de começar tratamentos medicamentosos para transtornos mentais. Negligenciar esse cuidado pode levar a administração de remédios ou anos de terapia, sem os resultados esperados”, pondera Adriana.

 

De acordo com a médica, insônia e ansiedade, que estão mais relacionadas aos sintomas de hipertiroidismo e depressão, por sua vez, é mais comum em pessoas que apresentam níveis de hormônios tireoidianos abaixo do normal — ou seja, hipotiroidismo.

Prejuízos cognitivos são similares nos dois tipos de distúrbios da tireoide. Memória deficiente, dificuldade de raciocínio objetivo e capacidade de concentração comprometida são alguns exemplos.

 

Eixo microbiota - intestino- cérebro

Quando o padrão alimentar pode melhorar a  saúde mental

Alterações de humor, ansiedade, depressão e outras condições neuropsiquiátricas estão cada vez mais presentes na vida das pessoas e, por isso, é essencial voltar nossos olhos para isso. A alimentação pode influenciar nesses transtornos. Evidências recentes indicam uma forte associação entre uma   dieta pobre em micronutrientes e os distúrbios que afetam o bem-estar psicológico.

Da mesma forma que uma dieta balanceada fortalece o organismo como um todo, uma pobre pode prejudicá-lo, inclusive mentalmente. Pesquisas recentes têm verificado como o período entre o primeiro dia de gestação até o segundo ano do bebê (os chamados 1.000 dias) influencia no risco de transtornos psiquiátricos na vida adulta, sendo a alimentação, como podemos imaginar, um dos fatores cruciais.

Mais recentemente, a psiquiatria nutricional passou a estudar também o padrão de alimentação do indivíduo. Nesse quesito, um dos eixos mais relevantes é o intestino-cérebro, muito por causa da microbiota intestinal, que sido apontada como um ponto-chave nas respostas ao estresse e aos transtornos afetivos como ansiedade e depressão. Isso porque ela atua na regulação do metabolismo da desejada serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar.

Mas então qual seria o padrão de dieta que pode melhorar a microbiota intestinal e atuar de forma conjunta na melhoria da saúde mental? O segredo (que todo mundo já conhece) está na simplicidade e equilíbrio: ingerir frutas, verduras, legumes e gorduras de boa qualidade tem sido associado à redução do risco de declínio cognitivo.

Um bom exemplo é a dieta do mediterrâneo, rica em azeite e oleaginosas, além de vegetais e alimentação plant based. Em contrapartida, as dietas ricas em produtos de origem animal e  baixo consumo de vegetais aumentam o risco de doenças cardiometabólica, de declínio da cognição e afetam a saúde mental.

A psiquiatria nutricional ainda está engatinhando e há muito mais perguntas do que respostas até o momento. Contudo, há cada vez mais evidências de que os padrões alimentares estão diretamente ligados ao bem-estar psicológico e cognitivo. Portanto, mais um motivo para comer bem!

 

O intestino como sistema endócrino

O órgão produz 95% do hormônio da serotonina, o neurotransmissor do bem-estar

 

Em constante comunicação com o cérebro, o intestino tem papel fundamental no controle da imunidade do organismo e interfere muito nas nossas emoções. O órgão possui sistema nervoso próprio com mais de 500 milhões de neurônios e produz por volta de 95% da serotonina (o neurotransmissor do bem-estar) do nosso organismo. Além disso, estudos indicam que o sistema digestivo é responsável por mais de 70% das células imunes do corpo humano.

Os frios sentidos na barriga durante um período de forte ansiedade ou a fome prolongada que provoca dores de cabeça demonstram a conexão entre o sistema nervoso central e o sistema nervoso intestinal. Essa comunicação acontece através do nervo vago, que passa pelo tórax e liga o sistema gastrointestinal à cabeça. Esse é, literalmente, um caminho de mão dupla: O intestino envia mensagens para o cérebro, e vice-versa.

A flora intestinal fortalece essa conexão, pois, sozinha, ela carrega cerca de 100 trilhões de bactérias, dez vezes mais que o número de células do corpo. O órgão também abriga fungos, protozoários e vírus.

De acordo com diversos estudos, o desequilíbrio da microbiota, a população de bactérias, portanto, já é reconhecido como responsável por favorecer quadros de depressão, estresse, ansiedade, doenças autoimunes, males neurológicos e distúrbios de atenção.

Viver uma rotina de hábitos saudáveis com exercícios e alimentação balanceada garante o equilíbrio da microbiota intestinal e, por consequência, favorece a saúde do cérebro e do corpo todo!

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