Exposição de orquídeas: um espetáculo de cores e formas em plena primavera
Data de Publicação: 26 de julho de 2019 17:54:00 Espécies nativas da região das Montanhas do Espírito Santo e de outras partes do país atraem colecionadores e apaixonados pelas diferentes versões de beleza da planta
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Heron Gonçalves, idealizador da Exposição, ao lado da esposa Mônica Costa,
toca o orquidário e se dedica ao evento anual em Venda Nova.
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Quando entrar setembro Venda Nova já estará florida pelas cattyleias Schilhirianas, uma espécie típica do Espírito Santo, e também pelas amesthystoglossas, warneris e outras espécies. Os nomes- complicados para amadores e comuns entre os colecionadores, viveiristas e pesquisadores- conferem identidade a beleza da expressão mais delicada da flora, tão rica no Brasil.
As flores serão as estrelas principais na Exposição de Orquídeas de Venda Nova, marcada para os dias 6, 7 e 8 de setembro próximos. O município, que tem firmado seu nome como referência em orquídea no cenário capixaba e até atraído olhares de outros estados, oferece uma experiência sensorial inigualável: cores, formas e perfumes de flores raras e comuns.
Além do espetáculo descrito, a Exposição é uma excelente oportunidade de conhecer pessoas, trocar informações e comprar aquele exemplar, seja pelo gosto de decorar ou pelo prazer de colecionar.
A exposição será aberta ao público com entrada gratuita e os visitantes poderão conhecer espécies nativas da região de outras partes do país. Neste ano aqueles que quiserem se mostrar solidários podem doar caixas de leite que serão entregues à Pastoral da Saúde de Venda Nova. E, em troca e como forma de gentileza da organização, ganharão uma mudinha de orquídea.
No dia 6, a exposição acontece das 15 às 20 horas e contará com um concurso de plantas expostas. Elas serão avaliadas por seis juízes, sendo apenas um do local. Os premiados serão classificados em 1º, 2º e 3º lugares e receberão troféus. No segundo dia (7), o evento prossegue das 9 às 20 horas e, no último dia (9), será das 9 às 17 horas. Além das exposições, nos dois últimos dias serão realizadas palestras gratuitas com especialistas da área.
A Exposição reúne cerca de 30 orquidófilos do Espírito Santo e de outros Estados do Brasil. “São colecionadores apaixonados que gostam de mostrar as orquídeas especiais que têm. E características como formas e cores estão entre os aspectos que atraem os olhares dos mais curiosos e atentos aos detalhes”, descreve Heron Gonçalves, idealizador e organizar da Exposição.
Cerca de 300 plantas vão colorir o evento. Parte do acervo exposto é só para apreciação e outra parte, para comercialização. Ao se revelar como um negócio no meio rural, os viveiristas e orquidófilos vendem plantas que variam de R$ 10 a R$ 30 mil, dependendo do seu grau de raridade e da sua fase de crescimento.
Essa grande diversidade de plantas e de informações tem atraído o público, em número crescente a cada evento. Esse público, além de apreciar as orquídeas, comprando ou não exemplares, gosta de conhecer a região. “As pessoas aproveitam para fazer turismo. Vão visitar as propriedades de porteiras abertas para o agroturismo e também conhecer nossa gastronomia nos restaurantes e bares da cidade e da região ao entorno”, afirma Heron.
Orquídeas: uma paixão que resultou no evento
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Heron apaixonou-se pelas orquídeas quando começou a frequentar o Orquidário Caliman, em Lavrinhas. No início, ele comprava para revender na Feira livre de Guarapari e, à medida que o tempo foi passando, ele percebeu que o Município possuía um ambiente espetacular para o cultivo da planta.
Ao enxergar esse potencial, Heron também percebeu o quanto era fundamental saber além das informações genéricas sobre a planta, que passasse a dominar também o conhecimento específico. “Em pouco tempo percebi que o mercado era promissor e assim iniciei meus investimentos em um orquidário simples, localizado em Bananeiras. Minha aposta foi em espécies e logo comecei a colher os frutos do meu empenho e, com isso, fui convidado a fazer parte, da Coordenadoria das Associações dos Orquidófilos do Brasil-CAOB, como vendedor”, recorda-se.
Entusiasmado com a ascensão, apoiado pelo Orquidário Caliman e sua então noiva Mônica Costa, Heron começou a andar o Brasil e levar as melhores genéticas e cruzamentos do Espírito Santo.
Em 2015 surgiu a ideia de lançar a primeira Exposição Nacional de Orquídeas de Venda Nova. Porém para realizar tal evento era necessário apoio da comunidade local, que veio através da Secretaria Municipal de Agricultura, do Orquidário Caliman e do casal Aloísio Falqueto e Inês Pagoto Falqueto, do Laboratório Viridescens. E o evento já começou sendo sucesso, que se repetiu em outras edições
A exposição de orquídeas tem trazido mais de 3.000 espécies para apreciação de profissionais, amadores e leigos, reunindo expositores vindos dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Sul e Goiás. São seis vendedores, oferecendo plantas diversificadas encantando um público também com diferentes interesses sobre a planta.
No último evento o público estimado foi de 9.000 pessoas e, da primeira à última edição, o aumento do faturamento bruto é de 300%. De acordo com Heron, todos os parceiros estão satisfeitos com o resultado e hoje há uma disputa no mercado para se vender em Venda Nova. “Além de orquídeas é comercializado insumos utilizados em seu cultivo e manutenção e o evento traz tudo que um colecionador precisa para manter seu orquidário”, observa.
Para estimular ainda mais a participação, a organização promove premiação para os expositores e, no ano passado, arrecadou material de limpeza para doar para a Apae de Venda Nova. “É uma forma de valorizar nossa comunidade, indo além do benefício direto ao setor”, diz Heron.
Visitantes de vários lugares do país, ligados às Associações de Orquidófilos chegam de ônibus e se hospedam na cidade, utilizando diferentes serviços locais, colaborando com vários setores da economia. Dentre as associações que acompanham todas as edições, estão a Associação de Orquidófilos de Vespasiano- ASOV, o Núcleo de Orquidófilos do Vale do Rio Doce- Novard, a Associação Orquidófila do Vale do Aço- ASOVA e a Associação Orquídea Campos- AOC.
Muitas orquídeas florescem apenas uma vez ao ano. Na exposição podem ser encontradas mais de mais de 600 espécies de produtores de todo o país
Concurso
Cada detalhe das plantas é avaliado minuciosamente por jurados da comissão técnica do evento. Os ganhadores recebem troféus, porém o maior dos prêmios quando uma planta é classificada é o aumento do valor dela no mercado.
A planta tem que ter uma apresentação boa. Uma das coisas que conta muito é a forma em variadas categorias. Um dos segredos é o orquidófilo promover um bom cruzamento: buscar plantas com boa genética, e paciência para ver elas gerirem.
Criação
Mas além de mostrar as plantas, a feira também tem um estande só para explicar como funciona a reprodução das orquídeas em um laboratório de reprodução. Aloísio Falqueto explica que o processo é lento, mas com a tecnologia, mais sementes conseguem se reproduzir. “Na natureza, um fruto ou uma cápsula pode ter centenas de sementes, mas acabam passando por todo um processo de seleção natural que faz, muitas vezes, uma semente chegar a vida adulta. Enquanto que em laboratório com toda a proteção nós conseguimos produzir a partir de um fruto de 1 mil a 1,2 mil plantas se quisermos”, relata.
Vendas
As orquídeas que estão competindo na exposição não estão à venda, mas os visitantes podem adquirir outras plantas em um espaço especial na feira. Muitas pessoas saem de longe e aproveitam para levar uma ou várias para casa. Muitos visitantes e compradores alegam que “onde tem orquídea bonita, a gente sempre vai atrás”. Para essas pessoas, visitar exposições é sempre um prazer e, a Exposição Nacional em Venda Nova, em especial, é muito elogiada pela qualidade, fazendo valer a pena cada quilômetro rodado para chegar até Venda Nova.
*A programação ainda inclui palestras com Aloísio Falqueto, médico/cientista e pesquisador. Ele implantou e mantém em Venda Nova um laboratório para reprodução de orquídeas, onde desenvolveu uma técnica de cultivo aproveitando a luz solar e o calor ambiental, que vem revolucionando os métodos tradicionais de reprodução laboratorial de orquídeas.