Especial MORADIA e CONSTRUÇÃO: A beleza e a exclusividade do que é feito à mão para decorar a casa
Da mesa posta ao enxoval do bebê, há mais de 43 anos as Voluntárias do Hospital Padre Máximo, de Venda Nova do Imigrante, produzem peças únicas para decorar e organizar diversos ambientes
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No mês em que a pauta da Revista Folha Nova traz a moradia dentro do tema principal, nada mais justo do que abordar a importância do aconchego no lar. E para abrir o corpo editorial da presente edição, a reportagem vem como um abraço carinhoso das nonnas e das mamas que trazem como presente um trabalho lindo, cheio de charme e de história. Estamos falando da produção artesanal de enxovais das mulheres da Associação das Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo, de Venda Nova, que há mais de 43 anos trabalham em prol da instituição de saúde emprestando o seu talento e doando o seu tempo.
Almofadas, colchas, jogos de guardanapos e inúmeros outros itens exclusivos conferem personalidade em qualquer decoração, além de remeter ao acolhimento das casas de nossas avós. Tudo é muito rico em detalhes. As peças podem ser encontradas na loja anexa à sede da instituição e também nas lojas “Da Tutte Mani”, mantidas pelo Instituto Jutta Batista da Silva- IJBS e que vendem produtos de diversas associações de 11 municípios da região Serrana do Espírito Santo.
Tudo feito à mão
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Dona Verônica Falqueto, 88 anos, é uma das voluntárias mais velhas em idade em atividade na Associação. Ela ainda se lembra do tempo em que em Venda Nova não tinham lojas e as roupas e utensílios eram feitos pelas próprias famílias. “Naquele tempo não achava nada pronto. Era tudo feito em casa, até sutiã e calcinha. Não tinha mercado, só vendia o tecido”, relembra.
Foi nesse ambiente que muitas das voluntárias desenvolveram as técnicas de bordado e costura que aplicam nas peças. As mães ensinavam para as filhas a bordar, costurar, lavar e cozinhar. “Tinha que saber fazer as coisas para poder arrumar namorado. Geralmente as moças começavam novas a aprender. Com uns 14, 15 anos. Iam praticando o bordado nos panos de saco, que vinham com alimentos dentro”.
E antes de arrumar o namorado as moças já iam montando os enxovais. As casas eram decoradas com diversos paninhos bordados com biquinhos de crochê e flores do quintal. “Em todo canto tinha um paninho: no fogão, na sala, na cozinha e no quarto. Os lençóis eram lindos, de 'vira' com bordados nas dobras com almofadas, como chamávamos os travesseiros na época”.
Verônica, que tem três filhas voluntárias na Associação, ainda lembra que pela falta de recursos costurava as colchas de retalho caseado para aquecer os filhos. Hoje esse item é um dos mais procurados na Associação.
Sem perder o valor das tradições, as Voluntárias vêm acompanhando a modernidade participando de cursos para aprimorar as técnicas e utilizando a internet para criar novas peças. Segundo a atual presidente, Eunice Caliman, tudo é feito para incrementar as vendas e assim conseguir mais recursos para o Hospital. “Acompanhamos o que está em alta no mercado e hoje temos em nosso catálogo mais de 100 opções de peças. Estamos sempre nos atualizando”.
Eunice diz que a instituição não possui estoque, pois tudo que é produzido é vendido. “Às vezes não damos conta de produzir. Só em 2022 foram mais de 3 mil peças confeccionadas”. Ela ainda afirma que a qualidade dos produtos é o ponto forte. Para manter isso, as peças passam por um controle minucioso dos detalhes antes de seguirem para a venda.
Atualmente 140 mulheres são associadas, colaborando com a produção nas terças ou quintas-feiras na sede da Associação ou em casa. Cada uma contribui com a sua habilidade. “É um produto diferenciado, são peças exclusivas feitas com o amor e o trabalho de cada voluntária. A matéria-prima utilizada é de ótima qualidade, a maioria é de tecidos finos, o que resulta em peças elegantes e de longa duração e a beleza das peças dá um toque especial na decoração da casa”, reforça a presidente.
Rotina
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Duas vezes por semana, terça e quinta, de 12 às 16 horas, as voluntárias se reúnem na sede da Associação em Venda Nova. Esse é o momento de planejar, riscar, bordar, costurar, produzir, dar uma olhada nos trabalhos das companheiras e, principalmente, socializar. Apesar dos encontros, grande parte do trabalho é realizado em casa no dia a dia das Voluntárias. Segundo Eunice, algumas integrantes, por dificuldade, não vão até a Associação. Nesses casos os tecidos e linhas são levados até as residências delas e recolhidos quando os trabalhos ficam prontos.
Na rotina dos encontros na sede sempre tem o 'Café da Tarde Compartilhado', um momento especial que inicia pontualmente às 14h30. Quando o sino toca todas se reúnem no salão do primeiro andar. Mas, antes do café, vêm os avisos e as orações. Depois do café a produção continua.
Quando o trabalho é finalizado, as peças ficam expostas no mesão e são identificadas por autora, recebem etiqueta, o preço e depois seguem para venda. Cada peça passa por uma avaliação minuciosa dos detalhes para garantir que a qualidade seja mantida.
São três pontos físicos de venda: a loja na sede, em Venda Nova do Imigrante, e as duas lojas Da Tutte Mani: na Rota do Lagarto, em Pedra Azul, e na Rua do Lazer, em Santa Teresa, onde as peças são comercializadas com o apoio do Instituto Jutta Batista- IJBS.
Uma novidade da Associação é um trabalho de comunicação que vem sendo intensificado nas redes sociais. Nos perfis do Instagram e Facebook são divulgados os produtos e também detalhes da rotina das Voluntárias. Acompanhe: @voluntariashpm e facebook.com/voluntariashpmvni.
Histórico
A Associação das Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo é uma instituição filantrópica jurídica fundada em 22 de agosto de 1979, em Venda Nova do Imigrante, Região Serrana do Espírito Santo.
Essa história de voluntariado surgiu com a mobilização popular de um grupo de senhoras a partir das carências identificadas no Hospital Padre Máximo, o único do município. Na época, José Luís da Silva Carvalho, médico recém-chegado a Venda Nova, trouxe a ideia desse trabalho de São Paulo, do Hospital das Clínicas.
Atualmente a Associação conta com a participação de 140 mulheres que, como podem, emprestam seus talentos e doam as horas, que talvez seriam de folga, para angariar fundos para o Hospital que hoje também é referência para a região.
É do trabalho destas mãos solidárias que o hospital e seus usuários vêm se beneficiando, há mais de 43 anos, com toda sua rouparia (lençóis, fronhas, cobertores, travesseiros, toalhas, pijamas, camisolas, campos cirúrgicos, jalecos, entre outros), além dos reparos das roupas danificadas.
Dentro das possibilidades da Associação ainda são realizadas compras de equipamentos, utensílios e móveis para o Hospital.
Além de toda a rouparia do Hospital, são produzidas também diversas peças para venda, entre elas: toalhas de mesa, jogos americanos, caminhos de mesa, toalhas de banho, almofadas, enxoval do bebê e artesanato variado.
Tudo bordado e costurado à mão com muito amor e delicadeza.
As peças produzidas pelas Voluntárias remetem aos costumes e saberes de suas antepassadas que transmitiram as técnicas de costura e bordado como uma herança.
Cada produto é único, repleto de sentimentos e histórias. Assim como as Voluntárias, que com suas mãos delicadas transformam tecidos e linhas em verdadeiras obras de arte.
Bazar
Em sua sede a Associação possui um bazar, que funciona de 2ª a 6ª feira, das 12 às 16 horas, onde são vendidas roupas usadas para todas as idades a preços acessíveis. Tudo que é vendido vem da doação de pessoas da comunidade.
Quem quiser colaborar pode doar roupas em geral, calçados e acessórios que estejam em bom estado de uso. Hoje o bazar é uma importante fonte de renda para a Associação.
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Serviço
Associação das Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo
Rua das Buganvílias, nº50 Residencial do Bosque
Venda Nova (ao lado do Hospital Padre Máximo)
Tel.: (28) 3546-1470
Atendimento de segunda a sexta-feira, das 12 às 16 horas
* Colaborou com a produção da presente matéria: a jornalista Carla Caliman.