Entre as veteranas da Festa da Polenta: da cozinha direto para a sala das bordadeiras
Santina sempre ficou na equipe do macarrão até que foi criada a Casa da Nonna, onde passou a bordar na sala cenográfica
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Sabe aquelas nonnas fofas e simpáticas que ficam bordando na sala da Casa da Nonna? Santina Aurora Mazzoco Falqueto, 81 anos, sempre está entre elas, mostrando todo o seu talento. Bordar é um dos inúmeros ofícios das mulheres dentro de uma casa nas primeiras décadas da chegada das primeiras famílias de imigrantes italianos.
Santina compõe o time de voluntárias veteranas da Festa da Polenta. Ela conta que quando passou a colaborar o evento já acontecia há dois anos. “Fui convidada por Leandro Carnielli para trabalhar no bar. Eu aceitei, mas depois da experiência eu preferi ir para a cozinha”.
Ela se recorda que o movimento era bem menor, embora o trabalho fosse intenso pela falta de facilidades estruturais. “E tudo foi se ajeitando para a Festa ficar famosa como ficou. Admiro muito as diretorias. Nunca vi ter tanta disposição, pois quando pegam os compromissos, eles levam a sério. Foram muitas conquistas ao longo dos anos”.
Santina se recorda do calor intenso nas primeiras cozinhas. Padre Cleto teve a ideia de fazer uma chapa grande e a gente colocava o panelão maior no centro e dois menores um em cada ponta para sempre ter água quente. “Do fogão improvisado ganhamos fogões à lenha com chaminé. Depois veio a ideia de comprar o terreno e fazer um local próprio para a Festa”.
Muitas mulheres corajosas e também homens assumiram a cozinha. “Analete e Angélica eram responsáveis pelo macarrão. Eu sempre estive na equipe do macarrão, mas nunca assumi liderança. Primeiro era feito o molho (eu também ajudava) e eu ia na sexta-feira para isso. No sábado ficava em casa e no domingo ia ajudar de novo. Eu colocava o macarrão no isopor e temperava com molho”.
Quando o marido adoeceu, em 2008, Santina parou de ajudar na Festa da Polenta. Mas retornou logo quando foi criada a Casa da Nonna, desta vez para mostrar os seus bordados para o público que gosta dessas curiosidades.
Quem a vê tranquila, bordando confortavelmente acomodada em uma das poltronas da sala da Casa da Nonna não imagina o quanto ela já atuou com dificuldades. Ela sempre ia a pé para trabalhar na Festa da Polenta. Depois de ficar o dia inteiro em pé, também retornava a pé. Ela saia cedinho, deixava o almoço pronto e voltava no final da tarde.
“Muitas vezes chegava em casa e ainda ia preparar janta para as visitas”, recorda-se. Depois de um certo tempo, a coordenação da Festa passou a organizar o transporte para ela e para as outras mulheres. “Mas foi tão bom”, diz numa demonstração de amor e de bondade.
Santina gosta de citar o nome de outras mulheres numa demonstração de reconhecimento do grande esforço delas. Também faz questão de reverenciar a figura de padre Cleto. “Ele tinha um ânimo para deixar tudo pronto para a Festa. Ele será sempre lembrado como fundador da Festa, que é uma grande incentivadora do voluntariado. Todos participam com muita alegria e felicidade”.