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Entre as cores das Cattleyas e os projetos de expansão do orquidário

Entre as cores das Cattleyas e os projetos de expansão do orquidário

Mineira de Lajinha, Mônica de Oliveira Costa, fez de Venda Nova o lugar para viver e investir na vida profissional

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Há muitas formas de começar uma história de amor com um lugar. No caso de Mônica de Oliveira Costa, uma mineira nascida em Lajinha em 1979, o encantamento pelas orquídeas e a oportunidade de um negócio estiveram entre os fatores que a fizeram fincar de vez suas raízes em Venda Nova do Imigrante.

Atualmente ela e o esposo Heron Gonçalves vivem entre o colorido das Cattleyas, um gênero de orquídea com muita incidência de micro flores, e que predomina no espaço cuidadosamente mantido pelo casal, em Viçosinha, no distrito de São João de Viçosa. O orquidário funciona no entorno da casa onde moram e de lá partem exemplares das plantas para o Brasil inteiro. Com a expansão dos negócios, eles também mantêm um segundo núcleo de produção em Taquarussu, Conceição do Castelo.

Com mais de 2.000 metros quadrados, as estufas de cultivo das plantas em diferentes fases de crescimento, têm nas Cattleyas o carro chefe. Muito populares e com inúmeros híbridos intergenéricos, as plantas estão amplamente disponíveis no comércio, exercem enorme apelo e adaptam-se bem às coleções mistas de orquídeas.

O interessante é destacar que mais de 90% da clientela do orquidário são formadas por compradores de fora do município. O transporte das plantas é feito por veículos apropriados e os despachos acontecem diariamente no galpão do orquidário ou pelos Correios, quando o volume é pequeno.

Mônica conta que o clima de Venda Nova se revelou favorável para o cultivo e a localização geográfica da cidade, cortada por duas rodovias, facilita o transporte. “Enxergamos que de comprador (para revendas) poderíamos nos tornar produtores e fornecedores. Nossas plantas estão em todos os sites de venda e ainda produzimos adubos e insumos”, pontua a produtora.

O negócio, que começou com uma loja, além de expandir para produção, agora vende cachepôs (produzidos exclusivamente com a marca da Emporium das Orquídeas) e fertilizante organomineral Himitsu, que está regularizado pelo Ministério da Agricultura – Mapa. A fórmula foi desenvolvida por Heron e já conquistou o mercado.

Dentro da dinâmica de equilibrar o negócio, várias ações de comunicação são implementadas. O destaque vai para as lives, que começaram a ser promovidas durante a pandemia do coronavírus e agora fazem parte da rotina. O público é formado por apreciadores leigos e colecionadores do Brasil inteiro. “Algumas pessoas descobriram o cultivo da planta como uma terapia, mesmo morando em apartamentos ou em espaços pequenos. Basta uma varanda ou um lugar que o sol chegue em algum horário do dia para que se possa ter uma planta. As flores encantam e o desabrochar de uma delas é motivo de comemoração”, descreve Mônica.

Origens e porquês

Em 2011 Mônica conheceu Heron e, quando em 2013, uma loja de orquídeas foi posta à venda, ela foi incentivada pelo namorado a fazer a aquisição. Ele já possuía uma loja em Venda Nova, mais precisamente no distrito de São João de Viçosa. Com a compra, Mônica dividiu sua rotina semanal de trabalho entre Minas e Venda Nova, pois era coordenadora de curso da Unifacig, uma faculdade estabelecida em Manhuaçu.

A formação profissional de Mônica começou na cidade onde nasceu. Ela só saiu de lá depois de concluir o ginasial na Escola Doutor Adalmário José dos Santos. Aos 15 anos foi fazer o ensino médio em Viçosa e passou no vestibular para os cursos de zootecnia e nutrição. Ela fez somente um semestre de nutrição quando decidiu retornar para sua cidade, de onde saia diariamente para cursar contabilidade em Caratinga.

Mônica se identificou com a área de gestão, mais especificamente com controle de contas, principalmente por se tratar de uma atuação que considerava de bastidores. Seu primeiro emprego foi como gerente financeira de uma faculdade e bastou seis meses de trabalho para ser convidada para ser coordenadora de curso.

Quando recebeu a proposta para ser professora da Faveni Mônica percebeu que chegava o momento de se estabelecer por completo em Venda Nova. Em janeiro de 2015 ela começou a atuar na faculdade, que em seguida a convidou para ser a coordenadora do curso de contabilidade. Apesar de não estar mais na estrada, a rotina de Mônica era extremamente puxada, pois de segunda a quarta-feira se dedicava à vida acadêmica e a partir de quinta organizava a participação do orquidário nas exposições pelo Brasil afora.

“Eu não ia em todas, pois tinha que me dedicar também ao orquidário de Santa Isabel. Teve uma época que mantínhamos uma loja em Pedra Azul e também a de São João de Viçosa”, disse sobre as duas unidades que não estão mais com o casal. A de Pedra Azul foi fechada e a de São João passada para a administração de uma sobrinha de Heron.

Mônica relata que o Sicoob foi  muito importante na fase de construção e evolução da empresa. “Peguei os 50% restantes para o pagamento da unidade em Santa Isabel com a agência de Domingos Martins. Hoje, eu faço as movimentações financeiras na agência de São João de Viçosa, que tem se revelado uma forte parceira para tocar nossos empreendimentos”.

Com o funcionamento das lojas mais estáveis, no ano 2015. o casal resolveu comprar um terreno em Viçosinha. “Com isso passamos a produzir nossas mudas de orquídeas. Antes comprávamos fora para revender e as plantas eram destinadas em sua maioria para colecionadores. Atualmente atendemos colecionadores, leigos e fazemos venda no atacado para atender varejistas. Com o tempo, passamos a comprar matrizes de espécies raras e multiplicando no laboratório local”.

Devido ao crescimento dos negócios, Mônica, que acumulava as funções de professora e coordenadora da faculdade, decidiu abandonar a vida acadêmica no final de 2020. “Percebi que precisava investir mais nos negócios. As demandas cresciam no orquidário e tive que fazer uma escolha, mesmo com uma carreira cheia de conquistas na faculdade”.

Para Mônica, estar estabelecida numa cidade como Venda Nova ajudou e ajuda muito ao marketing do Emporium das Orquídeas. No entanto, ela e Heron organizaram um forte movimento: a Exposição de Orquídeas de Venda Nova, que atrai colecionadores e varejistas do Brasil inteiro. “Atraímos dezenas de pessoas, que se hospedam e se alimentam na cidade. Aproveitamos os eventos para divulgar nosso potencial turístico, associando lazer ao nosso público que vem fazer negócios”.

Este ano o evento está marcado para os dias 9, 10 e 11 de setembro e a organização já registra a confirmação de participantes de diferentes cidades do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.  “Fico satisfeita com o sucesso do evento, considerado um dos maiores do gênero do Estado. E eu me sinto feliz em fazer do meu trabalho um fator de contribuição no engrandecimento de Venda Nova, um lugar que aprendi a amar e onde pretendo crescer ainda mais e viver. Afinal, não precisamos sair daqui para conquistar o Brasil”.

 

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