Empresário mineiro fixou raízes em Venda Nova
Herlanio Machado escolheu Venda Nova para viver com sua família e fixar sua empresa, que atualmente exporta 8% de sua produção
![]() |
Como dono de uma empresa e produtor rural, que gera empregos e divisas ao município, e como uma pessoa integrada à comunidade, Herlanio Machado é reconhecidamente um ‘Cidadão Vendanovense’, título concedido pela Câmara Municipal na solenidade de comemoração ao aniversário de emancipação de 2019. O título deu reconhecimento a um sentimento de integração que ele e sua família vêm construindo desde que se mudaram para a cidade, em janeiro de 2006.
O mineiro e sua esposa Eliana Clemente se apaixonaram pela cidade, lugar que sempre admiravam quando passavam rumo ao litoral. Para que a Protercapas já chegasse funcionando, eles trouxeram oito funcionários (alguns chegaram a ficar dois anos na cidade) e com o tempo foram formando uma nova equipe com os locais. Depois que o espaço locado no distrito de São João de Viçosa ficou apertado, surgiu um ponto em Bananeiras, bem localizado e maior, onde a empresa está instalada até a atualidade.
A Revista Folha Nova já contou a história de Herlanio e sua esposa em novembro de 2015. Nesse novo bate papo, ele nos revelou que de lá para cá sua empresa cresceu 98% em produtividade. Só para exemplificar, atualmente a Protercapas produz uma média diária de 1.200 conjuntos impermeáveis, 4.000 capas de moto e 500 mochilas de delivery, dentre os outros itens que figuram na lista de segurança e de apoio para quem usa moto como meio de transporte ou de trabalho. “As mochilas de delivery, por exemplo, chegaram a ser produzidas 2.000 unidades diárias na época mais aguda da pandemia”, explica o empresário.
Com uma equipe interna média de 120 pessoas, a empresa conta com 30 representantes por diversas partes do Brasil e ainda tem os terceirizados que formam o grande time da Protercapas. O que Herlanio gosta de ressaltar é que a maioria das vagas é ocupada por moradores locais e a empresa, além de gerar divisas, traz dinheiro de diferentes estados (principalmente do Norte e do Nordeste, onde a média do uso de motos está entre os maiores do país) e até de outros países. Atualmente 8% da produção é exportada para Argentina, Uruguai e Paraguai, num movimento que começou em 2017 e que ele vislumbra um crescimento.
Mais do que o sucesso da empresa- que vem se reinventando para enfrentar as crises, aproveitar as oportunidades e driblar o aumento das matérias-primas, dentre outros custos crescentes-, Herlanio enxerga o relacionamento dele e de sua família com a comunidade vendanovense o seu verdadeiro patrimônio. “Nós nos entregamos à convivência comunitária, aderimos aos costumes sem nos perder de nossas origens, das quais nos orgulhamos muito. Entendo que é fundamental compreender o lugar onde moramos, apoiar a iniciativas e lutar para que fique cada vez melhor”.
E foi matriculando os filhos nas escolas locais que Herlanio e a esposa conheceram muita gente e fizeram novas amizades. “Atualmente só nosso filho mais novo estuda em Venda Nova. Nossa filha mais velha já é formada em direito e trabalha em Vitória e nosso filho do meio faz faculdade de economia, também em Vitória”.
![]() |
A família optou por continuar morando no distrito de São João de Viçosa (mesmo com a transferência da fábrica para Bananeiras, na Sede do município), frequenta a Igreja Católica da comunidade e lá um dos seus filhos até se tornou coroinha. Herlanio também atua como voluntário nos movimentos da comunidade e é membro da Maçonaria local.
“Venda Nova é uma cidade que gosta das pessoas que trabalham, que levam a sério o que estão fazendo. Acredito que por isso fomos tão bem aceitos e formamos uma agradável rede de relacionamentos. Fiquei muito feliz quando a Câmara de Venda Nova reconheceu nosso trabalho e nossos investimentos, tanto em capital quanto em energia produtiva no município. Acredito que um dos pilares desse reconhecimento como cidadão vem do quanto nos dedicamos à empresa. Se formos pensar só em termos de produção, poderíamos nos instalar em outros territórios. Mas ao avaliar todo o contexto, Venda Nova foi nossa melhor escolha, tanto para o trabalho quanto para a vida”, relata Herlanio.
Ao gerar cerca de 120 empregos diretos, manutenção de máquinas e veículos diversos, a Protercapas participa de uma parcela significativa do PIB Municipal. Para que a empresa tenha sucesso, Herlanio ressalta que investe seu tempo, sua energia e, como foi dito, seus ganhos. São 16 anos trabalhando em Venda Nova, sem tréguas, para o sucesso do empreendimento. “Todos os dias, a partir das 6 horas estou à disposição da empresa. Mesmo que eu reserve um tempo para uma caminhada ou qualquer outra atividade física, eu estou com o telefone ligado. Ao final do dia, sou o último a ir embora. Fico sempre uma parte da noite colocando tudo em ordem antes de ir para casa. De-pois do expediente volto para São João de Viçosa, que é a nossa comunidade de base”.
Mas seu porto seguro mesmo é a família. “Eu cuido de todos com muito zelo. Eu e minha esposa trabalhamos o dia inteiro juntos, na mesma sala, em verdadeira harmonia, a mesma que temos dentro de casa. Há mais de 27 anos cuidamos um do outro. Depois começaram a chegar os filhos e a empresa. Somos parceiros sempre”.
Herlanio não participa da política partidária, mas salienta que sempre faz parte dos debates de interesse coletivo. “Eu abro a empresa para todos os candidatos que queiram apresentar suas propostas. A política é necessária e temos sempre que saber escolher nossos candidatos. Enquanto nós cuidamos da empresa e da família, eles definem os rumos do município em termos coletivos. E tudo isso afeta nossa vida”.
História
Herlanio saiu do interior de Mutum, Minas Gerais, para tentar a sorte em Vitória, contando apenas com a sua coragem e poucos contatos na capital capixaba. Ele topou ser servente de pedreiro para começar e trabalhou durante dez anos em almoxarifado de empresas de ônibus, cuidando do estoque de peças. Sempre inquieto, não parava de buscar algo novo para sua vida e, por isto, sempre estava de olho nos classificados dos jornais.
Mesmo com as dificuldades, ele ajudou os irmãos para tentar a sorte na cidade grande. Em 1994 quando o pai morreu, Herlanio já era noivo de Eliana e eles se casaram em 1995, quando foram morar em Nova Brasília, na periferia de Cariacica.
Em 1998, Herlanio perdeu o emprego e com o FGTS comprou uma moto Titan para trabalhar com entregas ao mesmo tempo que fazia cursos profissionalizantes. Para proteger essa moto, Herlanio desenvolveu com ajuda de um amigo uma capa de tanque, que fez tanto sucesso na época, que Herlanio começou a fabricar com uma máquina de costura doméstica emprestada do mesmo amigo.
As primeiras vendas foram feitas em semáforos, estacionamentos e oficinas de motos... Eliana se estabilizou trabalhando numa ótica e auxiliava Herlanio na confecção a noite, finais de semana e feriados.
No final de 1998, Herlanio então fez o primeiro contrato com um representante de sua confecção de capa de moto. Com o aumento da demanda, em agosto de 2000, ele registrou sua empresa e pode fornecer para mais lojas e também fazer o transporte dos produtos. As vendas deslancharam e ele fez um terraço em sua casa para aumentar a linha de produção, além de contratar funcionários, pois eram somente ele e Eliana (depois que chegava do trabalho) e a ajuda esporádica dos parentes que vinham do interior. O casal trabalhava de 15 a 16 horas por dia.
Como Herlanio sempre gostou de buscar conhecimentos, em 2006 já em Venda Nova, ingressou na faculdade de administração e passou a organizar melhor seu horário de trabalho. Desde então participou de vários treinamentos através do Sebrae, como o Empretec e o Programa Brasil Empreendedor. “Passei a perceber a importância dos estudos e comecei a estudar focado em gestão e em administração. Faz muita diferença e eu vou estudar sempre”.
Ele comprou máquinas e fez a verdadeira revolução na linha de produção. Começou a interagir no mundo das motopeças. Um otimista convicto, Herlanio gosta de festejar todas suas conquistas, mesmo que aparentemente pequenas. Todos os anos ele faz confraternização com sua equipe, desde quando tinha somente um funcionário.