Eliana Modesto Teixeira - A maternidade como centro de atenção no HPM
Ela veio para dar plantão e suas ações abriram espaço para a obstetrícia, implantando o parto humanizado
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Não é por acaso que as novas instalações da maternidade do Hospital Padre Máximo homenageiam a obstetra Eliana Modesto Teixeira. Ela, que começou a dar plantões na unidade em 2017, logo foi conquistando um espaço diferenciado ao fazer do setor o sonho da diretoria em tornar o HPM referência em maternidade.
Nascida no Rio de Janeiro, mas criada em Vitória, Eliana se formou na Emescam em 1986. Fez residência em ginecologia e obstetrícia em Belo Horizonte, se dedicando ao atuar em diversos hospitais da Grande Vitória e do Espírito Santo.
Um colega de profissão a convidou para dar plantão em Venda Nova. A maratona iniciada em 2017 logo rendeu bons frutos, recebendo um convite para ser coordenadora da maternidade menos de um ano depois. “Com isso, passei a ficar mais dias aqui, sempre me hospedando em hotéis. Ainda em 2018, fui convidada para a direção técnica do Hospital, um cargo técnico cuja o titular é escolhido pela diretoria e aprovado pelo Conselho Administrativo. Foi uma surpresa para mim”.
Como responsável pelo funcionamento do estabelecimento assistencial da equipe médica do HPM, Eliana resolveu que era hora de alugar um imóvel e se tornar moradora de fato de Venda Nova. “Passou para meu encargo ser responsável pelo bom funcionamento, que pressupõe fomentar qualidade e dar condições de trabalho às equipes médicas”, pontua.
Há quatro anos Eliana se dedica profissionalmente com exclusividade ao Hospital Padre Máximo. Sua atuação foi chamando a atenção da diretoria, que viu nela um perfil de comprometimento e liderança, pelo seu bom trânsito e por manter um ambiente colaborativo junto aos colegas, administração e aos funcionários em geral.
Em sua atuação na área médica, Eliana ia além dos partos, fazendo cirurgias ginecológicas como histerectomia, ooforectomia, perineoplastia e muitas outras eletivas. “Essas cirurgias não eram feitas aqui antigamente e eu me concentrei em fazê-las durante o mutirão do Estado, através da Secretaria Estadual de Saúde - Sesa. A partir daí, surgiram também demandas de cirurgias eletivas particulares e de convênios. Cirurgias eletivas são importantes, pois também colaboram no equilíbrio das contas do Hospital”.
A Maternidade, a menina dos olhos
A parturiente é a protagonista de um processo, num enredo em que todas a medidas são tomadas com seu consentimento
Oferecer um parto adequado, onde a gestante se sinta mais segura e tranquila sempre foi um dos sonhos da obstetra Eliana. E ela se empenhou em implantar práticas mais humanas e modernas, bem como lutar por uma instalação mais adequada sob o ponto de vista de infraestrutura física.
O espaço modernizado foi inaugurado na noite de 30 de junho deste ano, quando ela foi surpreendida pela homenagem feita pela diretoria e conselho administrativo, que deram ao espaço o seu nome. O local com equipamentos modernos e decoração acolhedora, traz bola, espaldar, cavalinho, banquetas e outros equipamentos que tornam a experiência da gestante mais confortável.
Outro avanço são as camas para parto PPP (pré-parto, parto, pós-parto), que têm por finalidade proporcionar para a parturiente um maior aconchego, conforto e individualidade, além de evitar a transferência entre o quarto e o centro cirúrgico. A cama PPP se transforma em cama hospitalar para repouso após o parto. O leito estofado com capa impermeável não permite que líquidos e resíduos atinjam a espuma, facilitando assim a higienização após o parto, garantindo a segurança na correta desinfecção.
Parto com a médica de plantão
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Presença do pai e ambiente tranquilo fizeram do nascimento de Odhin um momento inesquecível
Edinólia Melo Reis e Marciano Reis são pais de Odhin, que veio ao mundo no dia 3 de junho de 2018, pelas mãos da obstetra Eliana Modesto. Edinólia se considera de sorte, pois no dia que apareceram os primeiros sinais de que o parto se aproximava Eliana estava de plantão no HPM.
“Eliana nos acolheu, explicou tudo e me deixou segura sobre todos os procedimentos. Ela me tranquilizou, me passou o que eu devia fazer, e como ainda faltavam muitas horas para eu entrar em trabalho de parto, voltei para casa e continuei fazendo tudo o que ela havia me passado. Quando retornei para o hospital, naquele mesmo dia, estava calma e decidida. Foi muito tranquilo. Agradeço imensamente toda atenção que ela e a enfermeira tiveram comigo. Se Deus me permitir ter um novo filho, com certeza, farei o mesmo procedimento do parto humanizado”.
A postura da obstetra veio ao encontro do que desejava a mãe de primeira viagem. “Eu sempre sonhei em ter um filho de parto normal. Marciano conheceu a médica Eliana e comentou que estávamos esperando um filho”.
Ela se lembra que na época, a maternidade não oferecia música e nem massagem, mas os procedimentos foram suficientes para tranquilizá-la. “A enfermagem e a doutora Eliana sempre atentas, cuidadosas com tudo, o ambiente sempre limpo... Foi muito importante a presença do meu esposo, pois me senti ainda mais segura. A doutora que ligou para Marciano vir, pois ele já tinha falado que queria participar. Meu marido é muito cuidadoso e presente em tudo”.
Humanização é assistência
E a obstetra esclarece que a humanização tem a ver com a assistência e não com a via de parto. Por isso, a grávida deve sempre se certificar do tipo de assistência que recebe da equipe e no local que escolheu dar a luz.
“O parto adequado ou humanizado nem deveria ser algo pela qual a mãe precisasse optar, deveria ser rotina em todas as maternidades. O termo se refere ao tipo de assistência que a mulher recebe. Onde as decisões são compartilhadas e as escolhas da mulher são ouvidas e respeitadas”, explica a obstetra.
De acordo com Eliana, são pilares da humanização do nascimento: o protagonismo do parto restituído à mulher; uma visão integrativa e interdisciplinar do parto que, para além de um evento biológico considera os aspectos emocionais, sociais, culturais e a medicina baseada em evidências científicas.
Por essa razão, a obstetra passou a permitir e a estimular a presença do pai durante o parto. “Ele acalenta, tranquiliza e também participa do processo, segurando ou dando apoio à parturiente. É um momento único dessa família que se forma”.
Eliana se lembra que ela foi pioneira em Venda Nova ao adotar novas posturas na sala de parto. “Os outros médicos embarcaram na novidade, apesar da resistência inicial. Eu trouxe a experiência de uma prática já adotada na Grande Vitória. Também passei a fazer postagens desses momentos lindos nas redes sociais e isso estimulou também meus colegas”.
Não à violência obstétrica
Pesquisas apontam que no Brasil, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto. “Essa violência é chamada de violência obstétrica e pode se apresentar como a limitação da movimentação da mulher durante o trabalho de parto, a realização de procedimentos desnecessários, a omissão de informações importantes, a execução de procedimentos sem o consentimento da mulher, o desrespeito às escolhas dela, os maus tratos e abuso de poder”.
Eliana observa que é desse lugar que muitas vezes vêm os relatos assustadores sobre o parto normal e os comentários "você é louca de querer parto normal" quando uma mulher deseja fazer essa jornada. “Por isso, fazemos um trabalho onde a grávida se prepara com informações e uma equipe que a deixa segura de que nenhuma decisão será tomada sem que ela participe desse processo ativamente”, salienta.
Existe cesariana humanizada?
A cesárea pode salvar vidas se bem indicada. Como é um procedimento cirúrgico não é considerada parto humanizado. A humanização se refere à assistência e, sendo assim, o que é possível e deveria ocorrer é uma assistência respeitosa ao nascimento durante uma cesárea.
Isso significa garantir acompanhante na sala, preservar o ambiente do parto evitando ruídos altos, conversas paralelas, reduzir a incidência de luz, desligar o ar condicionado, permitir o contato do bebê com a mãe assim que ele nasce, permitir que a mãe acompanhe o nascimento - se ela desejar e for possível, garantir a hora de ouro, o contato pele a pele e a amamentação na primeira hora de vida do bebê.
A humanização, portanto, está na garantia do protagonismo da mulher, numa indicação real de cesárea baseada em evidências científicas e no olhar integrativo e respeitoso para o parto, independentemente da via.