Educação ambiental na Coopeducar
Num esquema de cooperação, os alunos se envolvem nos projetos com ações que vão além dos limites da escola
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A Coopeducar realmente coloca a educação ambiental na pauta permanente da instituição. Todos participam
na condução do programa, sendo tocado por um grupo de gestão pedagógica e com a contribuição dos
professores e funcionários. Tiago atua como professor de educação ambiental e salienta a visão ampla que o
programa proporciona aos alunos que, ao participar, experimentam o sentimento de pertencimento e de
responsabilidade. “O Semeando ideias. Colhendo resultados” é constante, não tem fim,
nunca está terminado. Está sempre em construção e sempre tem novidades”.
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Antes mesmo de dominar a fala, as crianças matriculadas na Coopeducar começam a fazer a separação do lixo seco, do úmido e dos orgânicos. Na sequência, elas já fazem visitas à horta e, de observadoras, aos poucos vão se familiarizando com os projetos ambientais mais complexos. As ações estão inseridas na rotina que envolve brincadeiras e as outras atividades relacionadas ao meio ambiente são incorporadas de acordo com a idade, culminando com projetos mais multifacetados à medida que as séries avançam.
A escola, que sempre desenvolveu ações ambientais, em 2017 instituiu o programa “Semeando ideias. Colhendo resultados”, envolvendo os alunos do G2 até o ensino médio, além dos professores, pais e a comunidade. Com o direcionamento do professor Tiago Altoé para a disciplina de educação ambiental, o programa foi implantado para se tornar permanente e interdisciplinar e faz parte do Projeto Político Pedagógico- PPP da Coopeducar.
Tiago Altoé, que entrou na instituição desde 2010 para dar aula de biologia, é formado em ciências biológicas com bacharelado e licenciatura pela Ufes, com MBA em gestão ambiental pela São Camilo e especialização em educação em meio ambiente e saúde pelo Ifes. É ele que fala um pouco desse programa que chegou a ganhar o prêmio Biguá de Sustentabilidade em 2018 na categoria educação.
O “Semeando ideias. Colhendo resultados” trabalha teoria, aulas práticas, visitas de campo e rodadas de conversa com convidados. “Tem ação para envolver todos os alunos, professores e até a comunidade. A ideia é sair das quatro paredes e alcançar outros espaços, bem como levar experiências externas para dentro dos limites da escola. É um intercâmbio. Todas ações e falas incluem o ser humano no meio ambiente, pois é comum dissociar essa ideia nos discursos”.
Para que o programa funcione, os ideais cooperativistas entram em ação, com as responsabilidades dos cerca de 20 projetos mantidos (coleta seletiva, horta, mini fazendinha, etc). “Os estudantes trabalham em grupos, de forma circular e cooperativa, rotacionando equipamentos e cumprindo diferentes atividades de forma alternada, de modo que todos tenham oportunidade de atuar nas diversas partes e fases dos projetos. Eles compartilham experiências, trocam conhecimentos e se ajudam. Na medida que cuida do próximo, o próximo também cuida de nós. Eles também aprendem que quando cuidamos do nosso quintal, cuidamos da comunidade e do planeta, que é a casa de todos”.
As práticas incluem o conteúdo de diferentes disciplinas. De acordo com Tiago, ele faz inserções em sala de aula ou na prática de campo de acordo com o conteúdo dos livros didáticos das demais disciplinas. “Os próprios professores regentes sugerem os temas para elaboração das aulas dentro da matéria de meio ambiente. Detalhes de botânica, da anatomia ou hábitos de alguns animais, atributos das plantas medicinais ou como funciona a fotossíntese, por exemplo, são demonstradas na prática para os alunos que estão estudando estes conteúdos em outras disciplinas. Os conhecimentos teóricos reforçam a prática e vice e versa”.
Tiago afirma que a educação ambiental é um tema transversal, que é discutido dentro da Coopeducar de forma contínua. “Recebemos visitas de outras instituições que vêm ver de perto como funciona o “Semeando ideias. Colhendo resultados”, que é aberto para quem quiser conhecer. Essa integração e compartilhamento das informações estão previstas no programa”.
A percepção é de que os alunos gostam muito dessa vivência prática e do contato com a natureza. Essa é a avaliação de Tiago que ressalta que os alunos, ao se envolverem nos projetos, se tornam agentes de educação ambiental em casa, em sua rua e nos bairros onde moram. “Isso é identificado nos relatos dos pais que contam não poderem mais descartar o lixo sem antes fazer a separação, que são cobrados a reaproveitar o óleo de cozinha para o projeto Sabão Verde (do Ifes) e a recolher minhocas no quintal para abastecer o minhocário.
Visitas para conhecer a realidade fora da escola
Dentro do programa “Semeando ideias e colhendo resultados”, os alunos fazem visitas com objetivo de conhecer iniciativas e trabalhos de cunho ambiental promovidos por outras pessoas ou instituições. Eles também participam de caminhadas, panfletagens e ações de conscientização na comunidade.
Ascaveni- os alunos conhecem o trabalho da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Venda Nova do Imigrante e assim compreendem como funciona e como devem entregar os materiais no ponto ideal para o reaproveitamento.
Pastoral da Saúde- conhecem o trabalho de produção de remédio a partir de elementos da natureza.
Horta da Pastoral no Incaper- veem de perto como a matéria prima para a produção de fitoterápico é cultivada e a diversidade oferecida pela natureza.
Nascente- visitam nascentes de água da redondeza para ter ideia de como são formados os rios e a importância de recupera-las e mantê-las.
Projeto Jatobá na casa de Elzo Zanon- além de ser funcionário da Coopeducar, Zanon trabalha na propriedade de João Fábio Zandonade (um dos fundadores da Coopeducar) e lá é desenvolvido um dos primeiros projetos ambientais da escola, o projeto Jatobá, instituído pela ex-professora Marli Bossois. Ela morava numa casa que tinha um pé de jatobá e em 2006 ela levou as sementes para a escola e foram feitas as mudas que foram plantadas na propriedade. Os alunos acompanham o desenvolvimento do plantio.
Transbordo da Prefeitura- local onde são levados os resíduos coletados nas ruas, pela coleta de “lixo” promovido pela Municipalidade) para serem levados ao aterro sanitário.
Barragem do Lago de Alto Bananeiras- lago para captação de água para abastecimento de Venda Nova.
Projetos que integram o “Semeando ideias. Colhendo resultados”:
- Horta e espaço experimental: local de inúmeras possibilidades de experiências e aprendizados, onde são plantados verduras, legumes, frutas e ervas medicinais e de tempero. Os alunos usam o produto da compostagem como adubo e distribuem a colheita entre eles, funcionários e professores.
-Coleta seletiva: eles separaram o lixo seco, úmido e orgânico, sendo que o último vai para outros dois projetos: a composteira e o minhocário, numa integração entre os projetos.
*Antes da coleta seletiva ser instaurada no bairro, a escola já funcionava com um Ponto de Entrega Voluntária- PEV de resíduos secos (recicláveis).
- Unidade geradora de energia solar fotovoltaica: desde 2016 a escola mantém uma unidade de produção de energia solar, numa ação pioneira para instituição de ensino no Espírito Santo e uma das primeiras do Brasil.
- Parceria com o Ifes no projeto Sabão Verde: os alunos recolhem o óleo usado na cozinha de suas casas e a escola disponibiliza o sabão para o aluno ou para qualquer pessoa da comunidade pegar gratuitamente. O sabão em barra é fabricado no Ifes.
-Mini fazendinha: espaço dentro dos limites da escola, com animais de pequeno porte, um laguinho e plantas diversas.
- Aquaponia: projeto que integra a manutenção de um lago de peixes com a produção de verduras pela hidroponia.
- Captação de água da chuva: um sistema faz a captação e armazenamento das águas da chuva para o uso no espaço experimental da escola.
- Projeto Jatobá – “Reflorestar”: Um dos primeiros projetos ambientais da Escola. Começou com a produção de mudas de Jatobá e hoje está relacionado com produção de mudas diversas e a conscientização sobre a Mata Atlântica.
-Reflorestamento de uma nascente que abastece o HPM. Alunos e pais fizeram um plantio de árvores em 2016 em uma nascente na propriedade de Libério Zandonade, produtor parceiro do projeto. Os alunos seguem fazendo acompanhamento da evolução das árvores e observam a presença de aves como jacu e tucano.
- Polo de educação e boas práticas ambientais: A escola fica de portas abertas à comunidade e instituições que desejam conhecer seu ambiente e o programa de Educação Ambiental da Coopeducar.