Devo fazer exercícios em época de coronavírus?
Data de Publicação: 27 de março de 2020 14:40:00
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Em tempos em que uma pandemia assola o mundo, que tal falar aqui do coronavírus e sua relação com a prática de exercícios físicos?
Não vou me ater às questões de higiene e cuidados preventivos (lavar mãos, evitar aglomerações e todas as outras) que já foram amplamente divulgadas pela Organização Mundial de Saúde - OMS.
Usarei este espaço para destacar o impacto do exercício físico e em como ele pode prevenir ou até propiciar a contaminação.
Sabemos que os grupos de risco é composto por pessoas já com saúde debilitada, principalmente idosos e pessoas com problemas respiratórios. Estes possuem imunidade baixa e estão mais suscetíveis ao surgimento de complicações pela ação do vírus.
O coronavírus age deprimindo o sistema respiratório atacando pulmões e vias de circulação de ar. Assim o foco será esclarecer sobre exercícios físicos e sua ação sobre o sistema imunológico.
Várias pesquisas (HORN 2010, GANNON 1997, LESESVE 2000, PARISOTTO 2003, MORGADO 2012, GLEESON 2011, ROBSON-LANGLEY 2012, COSEROVE 2012) atestam que exercícios aeróbicos de longa duração (como por exemplo, aquelas pedaladas de longa duração, muito comuns em dias atuais, ou corridas estilo maratona ou triatlhon) causam imunossupressão, ou seja, enfraquecem o sistema imunológico deixando-o ineficaz no combate a outras patologias, principalmente no trato respiratório, como gripes e resfriados. Mas uma metanálise CAMPBELL (2018) discorda desses autores e justifica ser difícil que as crises alérgicas típicas que por ventura aparecem após o término de algumas dessas competições sejam “culpa” apenas da atividade, mas sim também de outros fatores como sono e alimentação. Ele justifica que se fosse somente a atividade, todos os competidores que tivessem diagnósticos anteriores deveriam apresentar problemas, o que não acontece. Estas pessoas devem sim tomar mais cuidados que outros assintomáticos após atividades intensas, mas que isso não seria uma garantia de que os problemas respiratórios.
Há relatos de que atletas de provas de longa duração como maratonistas e triatletas por, exemplo, devem evitar treinos longos, logo após uma etapa da competição. Dados mostram que a imunossupressão pode perdurar até duas semanas após provas.
É importante, segundo KOCH (2010), após uma competição, evitar jejuns prolongados, aumentar a ingestão de carboidratos e proteínas e fazer análise de hormônios como adrenalina e cortisol para medir o “dano” que a prova causou no organismo.
E com a ideia de evitar essa imunossupressão nas semanas que sucedem a competição Natale (2003) sugere que as atividades sejam de curta duração e com intervalos de descanso entre os estímulos. Daí a musculação (com prevalência no método tensional em detrimento do metabólico) e a prática de exercícios intervalados (HIIT) com estímulos curtos são excelentes medidas.
Todos os autores citados são unânimes em afirmar que a prática regular e bem organizada de exercícios físicos durante toda uma vida promove um fortalecimento de todo o sistema imunológico e em longo prazo torna o organismo menos suscetível a qualquer infecção.
A conclusão é simples. Em um momento que estamos enfrentando uma ameaça real de infecção, vale a pena praticar uma atividade que pode deixar seu organismo mais suscetível a uma infecção?
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Dudu Altoé - Personal trainer
CREF.: 002126-G/ES
- Especialista em treinamento físico para grupos especiais
(28) 9 9939-9260 @altoedudu