COOPEDUCAR: duas décadas de ensino em Venda Nova
Numa proposta de formar cidadãos para cooperação, escola foi criada pelos pais preocupados em ir além da competição
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Equipe de funcionários da Coopeducar. |
Há 20 anos um grupo de pais finalizava um grande projeto educacional: criar uma escola em sistema de cooperativa, onde a construção do saber estaria ligada à formação integral do ser humano. Com o nome Coopeducar, a escola se tornou realidade e funciona há 20 anos num ponto privilegiado do bairro Vila Betânea.
Quando implantada chamava atenção por sua cor amarela e também por estar erguida praticamente sozinha nessa parte do bairro. O projeto foi inspirado na Escola Piccolo Mondo, que funcionava em uma granja desativada da Família Zandonadi, e era coordenado pela pedagoga Sirley Brozinga Zandonadi.
Tratava-se de um grupo de 40 pais, que se uniu, desembolsou uma quantia em dinheiro cada um e o projeto achou o chão na boa vontade de um deles, João Fábio Zandonadi, que cedeu seis lotes (e seu irmão José Rubens, dois) em termo de comodato por 20 anos (e agora renovado para mais 20). A escola foi erguida literalmente com a participação ativa dos pais. Cada um colocou a mão na massa como podia, cedendo seus talentos. “Os pais trabalhavam até a meia noite, dedicavam os finais de semana para que tudo estivesse pronto a tempo de a escola funcionar no ano seguinte”, recorda-se João Fábio, eleito em assembleia o primeiro presidente da Coopeducar.
A arquiteta Cátia Pachitto Perim fez e doou o projeto pensando na construção em etapas e subdividindo os espaços de forma que as crianças do maternal e do jardim tivessem o seu, em separado dos alunos maiores, assim como o acesso à escola. Tudo foi pensando para que os alunos, em cada etapa, tivessem suas particularidades atendidas.
Erguida em poucos meses, a escola começou o ano letivo 2001 com alunos distribuídos do maternal até a quinta série, de forma que, com o passar dos anos, tivessem turmas até o terceiro ano do ensino médio. A primeira diretora foi Sirley Brozinga que, com sua equipe, fez parcerias importantes para implementar o melhor sistema, que garantisse o desenvolvimento integral dos alunos.
São 20 anos de parceria com a Escola Vera Cruz, de São Paulo, que fornece assessoria pedagógica e o material didático, diferenciado em forma de cadernos impressos em sua gráfica. “Só quatro escolas no Brasil têm essa parceria, pois não se trata de uma franquia. Há comprometimento das duas partes em seguir uma filosofia de estudo”, observa Adelso Viçosi, atual diretor da Coopeducar.
A escola também mantém parceria com a Rede Salesiana de Escolas (RSE), que tem história na educação de Venda Nova e compromisso com a formação integral dos alunos. “Os materiais da Vera Cruz e do Salesiano se complementam e todos trabalham na construção do conhecimento”, reforça o diretor.
Quando a escola começou a funcionar os pais continuaram ativos. Dentre as lembranças está a ação coordenada pela mãe, Lia Ferolla, que todas às sextas-feiras promovia a venda dos lanches doados pelos pais na hora do recreio. Os recursos iam para o caixa da escola para suprir necessidades do dia a dia.
Todos os anos a equipe da escola e os pais promoviam uma feijoada, quando eram abertas as olimpíadas, para arrecadar recursos para a escola. Com o passar dos anos, a comunidade escolar optou por fazer a Festa Caipira, quando os alunos demonstram o seu talento e todos colaboram com o projeto escolar.
Nesses 20 anos de funcionamento, a Coopeducar formou alunos que hoje são médicos, engenheiros, enfermeiros, empresários e até bombeiro, como é o caso de Guilherme Paste Perim. O mais importante é perceber que vários desses ex-alunos se graduaram e voltaram para contribuir com Venda Nova. A Coopeducar também tornou-se uma referência no trabalho com projetos ambientais conquistando vários prêmios, dentre eles o Prêmio Biguá de Sustentabilidade em 2018.
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A turma dos formandos de 2020 se prepara para seguir novos rumos, levando na bagagem todos os
conhecimentos e experiências vividas na Coopeducar.
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Parceiras para bolsas
Em fase de formatação, a Coopeducar vai colocar em prática um projeto que prevê parceria com empresários locais e da região. A ideia é criar um fundo para fornecer bolsas de estudos para alunos sem condições de pagar a mensalidade.
Como se trata de uma cooperativa, todos os alunos têm que pagar de forma igual as mensalidades, que já são calculadas observando os custos e sem se preocupar em gerar sobras. “As bolsas dão aos alunos o direito à classificação de cotas, no mesmo sistema das escolas públicas”, observa o diretor.