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Coffee Design: O desafio de fazer transferência de tecnologia para a comunidade

Coffee Design: O desafio de fazer transferência de tecnologia para a comunidade

Ao completar 11 anos, o Centro de Excelência em Cafés, integrado ao Ifes – campus Venda Nova, tem como desafio fazer com que as tecnologias geradas alcancem mais produtores

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Investir na comunicação e na aproximação com a comunidade está entre as estratégias em curso no Coffee Design Group, do Ifes campus Venda Nova. Esse foi o desafio lançado pelo seu principal parceiro, o Sicoob Sul-Serrano, nesse terceiro triênio de cooperação técnica.

Em breve, as redes sociais- que entre as publicações têm as que registram mais de 11 mil visualizações- estarão ainda mais dinâmicas, bem como, outros novos canais de comunicação estarão em pleno funcionamento. Para essa nova empreitada, Aldemar Polonini Moreli, coordenador do Coffee Design, conta com o apoio da bolsista e mestre em agroecologia, Loruama Geovanna Guedes Vardiero, com habilidades comunicativas junto aos produtores para Indicações Geográficas (IGs).

“Ela está nos ajudando a repensar o programa de gestão. O Coffee Design integra 22 planos de trabalho, contemplando os responsáveis por cada um deles, onde estão definidas as etapas de cada braço desse projeto. O mais recente é o de comunicação com a comunidade. Visualizar isso num quadro nos dá a dimensão da importância do Sicoob junto ao projeto. A comunidade científica fica surpresa com a dimensão do Coffee Design”.

Aldemar explica que o plano é intensificar o uso da mídia como forma de fortalecer essa comunicação com a comunidade, que precisa saber de forma mais contínua sobre tudo que está sendo produzido no Coffee Design. “Assim chegaremos ao produtor, que é o público de interesse. Estamos nos preparando e vamos apresentar nossos conteúdos em forma de podcast e vídeos curtos. Também intensificaremos o uso da mídia para promover cursos e assim mostrar nossas soluções em termos de pós-colheita do café”.

Pela produção de conhecimento, o Coffee Design recebe pesquisadores, profissionais do setor e também empresas do trade cafeeiro o ano inteiro.  “Não tem no Espírito Santo um campus que receba tanta gente como o de Venda Nova. São pessoas de diferentes partes do Brasil e do mundo. Veio um pesquisador da África do Sul, que soube de nosso trabalho quando esteve na Índia, e disse que o que viu aqui superou suas expectativas. Também recebemos um gestor de uma cooperativa de café da Alemanha e, pela terceira vez, vieram pesquisadores do Japão”.

Aldemar explica que o Coffee Design conseguiu criar soluções que são tecnologias simples, acessíveis, de baixo custo e muito eficientes. “Muitas delas podem ser vistas nas unidades de processamento de cafés especiais das propriedades por nós assistidas. São tecnologias simples e com um grande poder de ajudar os cafeicultores a produzirem cafés especiais”.

Ao olhar para trás, Aldemar diz se agradar do que foi construído. “Isso é perceptível no presente, como pode ser comprovado em várias propriedades em Venda Nova e em municípios vizinhos. Percebo que estamos no caminho certo”.

 

Um novo ciclo virtuoso

Neste mês de março completa um ano que o professor Lucas Louzada, fundador e co-coordenador do Coffee Design, abraçou novos projetos fora do campus. A partir de então, Aldemar prosseguiu com a coordenação, dando sequência aos diversos projetos de pesquisa e extensão e assumindo novos desafios, juntamente com toda equipe possuidora de experiências bem-sucedi-das, o que contribuiu para os avanços e novas parcerias.

Aldemar conta com o apoio direto da professora Emanueli Oliveira, coordenadora dos laboratórios que envolve a química, em todos os projetos de pesquisa desenvolvidos pelo Coffee Design. E o professor Lucas, que mesmo ausente do campus, se mantém como membro colaborador importante. Vários processos e tecnologias estão sendo desenvolvidos, visando minimizar os impactos negativos e prospectar novas oportunidades para as organizações.

Para Aldemar, além de fazer chegar toda produção científica para a prática no campo, o Coffee Design prossegue no compromisso de formar jovens para a sucessão familiar. “Eles precisam ser formados tendo como base o tripé que sustenta o território: habilidade técnica, humana e conceitual. Esses jovens estão empreendendo com um importante papel de desenvolvimento social e econômico”.

Os estudantes bolsistas atuam também como uma ponte entre o campus e os produtores rurais. Novos alunos entraram há menos de 40 dias no Ifes e vários estão no Programa Trainee Coffee Design. “Vamos capacitá-los para também ter sucessão dentro do Coffee Design”.

 “Vários mestres, doutores, Q-graders e empreendedores em atividade no mercado são 'crias' do Coffee Design. Eles estão espalhados em outros campus federais, empresas, propriedades e até mesmo abrindo negócios no ramo da cafeicultura. Esses ex-bolsistas levaram seus pais para o campus para se aprimorarem nos cursos oferecidos, transmitiram conhecimentos para a família e para as propriedades vizinhas e hoje alçam voos maiores, fazendo multiplicar os conhecimentos construídos nos laboratórios e nos projetos de extensão do Ifes Venda Nova”.

Essa via de mão dupla- campus/famílias rurais e os parceiros apoiadores, como o Sicoob- se amplifica com a presença de alunos de mais de 21 municípios, hoje matriculados no curso de produção de cafés especiais.

E a teoria vai para a prática nas visitas às propriedades, cujos os donos fazem parceria com o Ifes ou procuram o campus em busca de soluções para o pós-colheita e a produção de cafés especiais. “Promovemos um grande intercâmbio de conhecimento. É uma verdadeira troca e uma oportunidade de colocar na prática nossas tecnologias geradas e de fazer novas pesquisas diretas no campo”.

As demandas por novas práticas chegam aos produtores, também, pelos compradores internacionais. “Muitos, por indicação dos compradores externos, procuraram o Coffee Design para aprimorar as etapas do pós-colheita e assim poderem entregar um café de excelência. O comprador percebe o potencial do café e indica aos produtores os pontos de ajustes”.

A equipe do Coffee Design visitou várias propriedades e Aldemar orientou a montagem de várias unidades de processamento e secagem (terreiro suspenso, lavador, secador e local de armazenagem) de forma a aproveitar as estruturas existentes para tornar o investimento mais atrativo e sustentável. Com motivação e apoio para estruturar o projeto, os produtores encontram facilidades para buscar o suporte financeiro necessário junto à sua Cooperativa de Crédito o Sicoob, por exemplo”.

Esse movimento gerado pelo mercado internacional abriu as portas para os provadores locais se tornarem os representantes dessas empresas compradoras. “Muitos não podem se deslocar sempre de seus países para visitar os produtores. Geralmente eles vêm algumas vezes para conhecer e depois elegem seus representantes para continuar a garimpar cafés de elevado padrão de qualidade. Ou eles compram direto ou fazem parceria com essas empresas. Podemos citar o exemplo da Farmers Coffee, empresa sediada em Venda Nova, fundada através do movimento de nossos alunos”.

Para Aldemar, o trabalho desenvolvido pelo Coffee Design capacita e empodera os produtores ao qualificá-los para receber e poder entregar cafés especiais para esses compradores. “Produzir com qualidade e rastreabilidade, proporcionar segurança alimentar e ser receptivo estão entre as características principais para atender ao mercado internacional”.

 

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