Centenário da Escola Domingos Perim - Minhas doces memórias da Escola
Quando chegou em Venda Nova e foi estudar, na Escola percebeu que os colegas falavam o ‘dialeto italiano’
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Hoje com 91 anos, Haydée Feitosa Perim se matriculou na Escola Domingos Perim quando tinha apenas seis anos de idade e lá estudou até os 11, quando saiu para estudar em regime de internato no Colégio Cristo Rei, em Cachoeiro.
“Era uma escola linda, estilo colonial, com paredes brancas e janelas azuis e tinha um varandão na frente”. Haydée passou a estudar na escola assim que sua família (os pais Roberto Feitosa e Brígida Bernabé e suas irmãs) veio da Fazenda do Centro para morar em Venda Nova.
Quando chegou em Venda Nova, de forma especial quando passou a frequentar a escola, percebeu que muitos colegas falavam o dialeto. “A maioria das crianças falava o dialeto, assim como seus pais”, recorda-se Haydée, cuja família se comunicava em português.
Ela se lembra que o uniforme das meninas era uma saia pregueada vermelha, com uma camisa branca e uma gravatinha também vermelha. “A medida que a gente passava de ano uma tirinha era costurada na gravata, indicando a série em que a gente estudava.
Numa época de frios intensos, os agasalhos se limitavam aos casaquinhos feitos de flanela. “Não existiam calças compridas e nem meias e os casacos eram feitos com uma flanelinha muito simples”, descreve Haydée. A maioria dos alunos ia descalço para a aula. Poucos tinham calçados.
Os objetos de estudo também eram bem modestos, como a cartilha, o caderno, um lápis e uma borracha. A maioria, principalmente os meninos, que morava mais distantes levava seu material em um embornal, e os mais favorecidos financeiramente tinham uma espécie de carteira de couro. A menina Haydée tinha uma pasta feita de tecido, que a mãe costurou. “Minha mãe costurava muito bem”.
Na hora do intervalo, brincar de roda ou de pique era uma forma de lazer e também de aquecer o corpo. “Às vezes a professora ensaiava cantos com a gente, geralmente hinos escolares”.
As merendas eram levadas de casa e geralmente era um pedaço de bolo ou de pão caseiro ou uma banana, batata doce ou milho verde cozidos. Apesar de não ter muitas variedades na época, as frutas estavam entre as opções de merenda. Haydée se recorda de romã, mamão, laranja... “Às vezes as famílias colhiam frutas e deixavam na escola para enriquecer a merenda dos estudantes”.
Haydée disse que gostava muito de desenhar e escrever e ela se recorda que na época era muito comum o exercício para aperfeiçoar a caligrafia. “Era um capricho só. Eu gostava muito de ira à escola, gostava muito de tudo. Eu fui uma boa aluna, participava de tudo“, diz sorrindo.
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Piqueniques nas proximidades também faziam parte dos momentos de lazer. “A gente não ia muito longe. A professora escolhia um lugar tranquilo, debaixo de uma árvore, em uma propriedade próxima para que todos aguentassem ir a pé. Cada um levava sua merenda, geralmente as mesmas coisas que levámos para os recreios. Os donos da propriedade costumavam nos receber com muito carinho”.
Segundo suas recordações, a família de Domingos Perim, que veio a ser seu sogro, hospedou a maioria das professoras, dentre elas Ormi Rocha (esposa de Antônio Rocha) que também era professora de Haydée.
Dentre os colegas que estudaram na mesma época de Haydée, ela consegue lembrar-se de alguns. Estão entre eles José Rocha, Rosa Pagotto, Dalvina Pagotto, Adelino Pagotto e Olímpio Perim, de quem ela ficou noiva aos 17 anos.