Português (Brasil)

Carlos Alberto Altoé: da produção de comomodities à MARCA PRÓPRIA

Carlos Alberto Altoé: da produção de comomodities à MARCA PRÓPRIA

Perfis exclusivos de torra para cada tipo de grão resultam em diferentes experiências sensoriais da bebida no Vale do Caxixe

Compartilhe este conteúdo:
A história da propriedade de Carlinhos Altoé começou em há 140 anos, com seu bisavô
Giuseppe Altoé, que desembarcou no Rio Benevente em 1880 e mais tarde teve
a oportunidade de comprar terras que faziam parte da Fazenda do Centro.

Em 1999, uma palestra no galpão da igreja com o então provador do CCDC, Evair Viera de Melo, deu início a terceira grande revolução na produção de café da propriedade de Carlos Alberto Altoé, o Carlinhos, no Caxixe Quente/Castelo. A primeira foi por volta de 1968, quando o IBC de Cachoeiro orientou o plantio em curvas de nível, e a segunda, com a adoção do plantio adensado, orientado desta vez pelo Incaper, na década de 90.

Como estratégia para implantar as inovações no pós-colheita, Carlinhos visitou os despolpadores de Guarino Bissoli e de Zélio Zambom, em Pontões, distrito de Afonso Cláudio. Ele considerou o porte do segundo o que mais se adequava à realidade de sua propriedade. As melhorias e as novas práticas sugeridas pelo palestrante e orientadas pela Pronova, da qual Carlinhos era sócio, terminaram de ser implantadas em 2002- ano que começou a processar e despolpar o café. Ele colheu os primeiros resultados e já consquistou um importante reconhecimento: o quinto lugar no 2º Prêmio UCC/Cafu-so.

A primeira despolpadora, uma Pinhalense com capacidade de 2 mil litros por hora, funciona até hoje. A máquina foi agregada à lavadora (modelo maravilha) e outros equipamentos foram se somando para facilitar o trabalho. Já as novas técnicas no pós-colheita foram aderidas ao longo do tempo, assim como o terreiro coberto e depois suspenso.

Com uma média de 300 a 400 sacas por ano, inicialmente as novas técnicas foram aplicadas em 40% da produção. Depois a área de cultivo foi aumentada de 10 para 15 hectares, com cultivares adaptadas às diferentes altitudes da propriedade (de 600 a 1.050 metros), além da adoção de mais cuidados nos tratos culturais. A produção dobrou. “Todo o projeto de melhoria, desde a lavoura até o café cru/verde, chegou no ápice em 2012”, relata Carlinhos.

Alcançada essa excelência o passo seguinte foi iniciar o projeto de torrefação. Carlinhos fez os cursos de torra e de prova, compreendendo melhor como reconhecer os atributos do café e aprendendo a lidar com a máquina. Para dominar as técnicas de degustação, contratou professores do Ifes do Sul de Minas Gerais, que foram até sua propriedade, e fez um outro curso de torra com a russa Valentina Moksunova, no Ifes Venda Nova.

A partir de 2012 ele também parou de participar dos concursos, pois decidiu ficar com os cafés para ele mesmo e oferecer aos clientes e criar o seu mercado. “Só vendemos os cafés produzidos na propriedade e, como possuímos unidade de processamento, conseguimos mecanicamente separar os cafés por altitude e pelo grau de maturação. Mesmo com o processo de colheita seletiva, existem vários estágios de maturação, desde o cerejão (super maduro) até os com maturação mediana, o que resulta em vários tipos de bebidas, todas especiais”.

Cada tipo de grão tem um perfil exclusivo no processo de torra e esses cafés são embalados com cores diferentes para facilitar o público reconhecer os tipos de bebidas: o prata é um café de entrada (bebida dura), o dourado (bebida mole), o vermelho (com o mesmo grão do dourado, só que com um preparo destinado ao expresso) e crafit (para os microlotes, com alguma característica em particular). Todo ano ele lança uma edição limitada de um especial, e, no caso desse ano, está disponibilizado um comemorativo aos 10 anos da marca, resultando de um nano lote.

Nesses anos de experiência, Carlinhos percebeu que café é relacionamento. Foi assim que ele abriu portas e mantém canais de comunicação abertos para se conectar, interagir e fazer entregas aos seus clientes. E, nessa dinâmica de também ir onde o consumidor está, ele proporciona delivery até na Grande Vitória, além de abastecer alguns pontos de venda.

Para acolher melhor seus clientes e visitantes, Carlinhos mantém uma cafeteria na mesma sala da torrefadora. O espaço é enxuto e prático, adequado para receber seu público- que é formado por pessoas interessadas no café-, e suficiente para as duas atividades (torra e cafeteria), sempre feitas em momentos diferentes.

Ao abrir a porta para entrar na sala de torra e cafeteria do Vale do Caxixe, o aroma agradável é a primeira percepção da experiência sensorial em curso. Os cafés são servidos em canecas artesanais e personalizadas, que conferem um charme especial aos sabores inesquecíveis. A iluminação amarela, o balcão de madeira e a boa conversa completam o ambiente perfeito para essa viagem em um dos endereços dos cafés especiais das Montanhas do Espírito Santo. Afinal de contas, café é relacionamento!

 
Compartilhe este conteúdo: