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Câncer e o exercício físico

Câncer e o exercício físico

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A Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde (SBAFS) juntamente com a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) lançaram no ano de 2022 um documento intitulado: “Atividade Física e Câncer: Recomendações para Prevenção e Controle” com a intenção clara de combater o sedentarismo, apontado como um dos agravantes para o surgimento de cânceres, bem como apontar evidências científicas comprovando que a prática pode ser eficiente no tratamento dos acometidos. Sabemos que outubro é o mês onde ocorre maciça propaganda contra o câncer, por isso aproveitarei o momento para esclarecer alguns pontos sobre como o exercício físico pode ajudar tanto na prevenção deste, e também como terapia adjuvante (que quer dizer atua lado a lado) a ser aplicado durante o tratamento convencional (medicamentoso + radio/quimioterápico).

Sabe-se que esse tratamento convencional enfraquece o organismo. Logo, manter uma vida ativa pode ajudar a superar a doença com menos sofrimento.

Inclusive, já há consenso entre os oncologistas (NYROP 2016; INCA, 2022) que o sedentarismo é um dos fatores agravantes para debilitar a saúde geral, logo cada vez mais médicos estão orientando seus pacientes a manter ou iniciar a pratica de exercícios físicos durante o tratamento a fim de passar pelas terapias com mais facilidade.

Desde a década de 1980 as pesquisas já apontavam benefícios de os pacientes manterem uma vida ativa. Por exemplo (GARRABRANT, 1984; WINNINGHAN, 1988; MOCK, 1994; GRAYDON, 1995) identificaram que a prática de simples caminhadas rotineiras produz índices maiores de funcionamento físico e menores dos sintomas aflitivos, além de reduzir a fadiga presente nestes tratamentos.

Atualmente outras pesquisas confirmam que manter-se ativo é parte essencial para o sucesso do tratamento.

EVANGELISTA (2014) inclusive apontou que os próprios pacientes sentem os benefícios de manter-se ativos. Melhoras no humor, na força muscular, no vigor e na fadiga são os pontos destacados por eles ao responderem a um questionário.

Outras pesquisas (VIEIRA, 2017; OMAR, 2019) defendem a eficiência do exercício físico em diminuir o linfedema (inchaço) característico em algumas fases do tratamento.

Um estudo inglês (SAXTON 2019) defende que pacientes com câncer têm menores chances de desenvolver problemas cardíacos que pacientes sedentários, pois o exercício físico aperfeiçoa parâmetros fisiológicos (como aumento da aptidão cardíaca, redução da fadiga, melhora do perfil físico com redução de gordura e aumento massa muscular) de maneira semelhante à pessoas que não têm a doença.

Um outro espanhol IZQUIERDO (2020) orienta que exercícios multicomponentes (aeróbio + musculação + flexibilidade + equilíbrio) são extremamente eficazes em melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer. Houve ganho de força, melhora na qualidade de vida geral, melhora cognitiva e diminuição de sintomas aflitivos.

LIU (2015) apontou relação inversamente proporcional entre exercícios físicos e mortalidade por câncer, ou seja, praticar exercícios físicos durante ou antes do diagnóstico aumenta as chances de sobrevida em até 31%.

E nem é necessário grande tempo de exercício para obter benefícios. Algumas pesquisas (LIU, 2015) recomendam que 2,5h/semana de atividades moderadas promovem excelentes resultados. Outras (INCA, 2022) apontam que apenas 1,5h/semana de atividade moderada ou 75 minutos de atividade intensa, ou uma mescla de ambas seja suficiente para obter resultados.      Outra pesquisa VIEIRA (2019) sugere que treinar força uma vez por semana foi suficiente para melhorar a força de sobreviventes do tratamento de câncer e de “quebra” facilitou a aderência destes ao tratamento. Em suma, hoje a recomendação é permanecer ativo durante o tratamento, visto ser essa iniciativa benéfica e segura para pacientes com câncer.

 

Dudu Altoé

Personal Trainer

CREF.: 002126-G/ES

Especialista em treinamento físico para grupos especiais

 

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