Câncer e o exercício físico
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Estamos finalizando o mês de outubro e ele é marcado, sem dúvida, pela maciça propaganda contra o câncer. Há um maior enfoque no câncer de mama, talvez por ser este o que mais acomete mulheres em todo o mundo - sendo responsável por aproximadamente 12 % dos diagnósticos de câncer na população em geral – mas o que fica marcado é que nesta doença a prevenção tem papel primordial. Gestos simples que podem evitar o surgimento e principalmente o crescimento dos tumores.
Aproveitando o momento tentarei esclarecer alguns pontos sobre como o exercício físico pode ajudar tanto na prevenção deste, e também como terapia adjuvante (que quer dizer atua lado a lado) a ser aplicado durante o tratamento convencional (medicamentoso + radio/quimio terápico).
Sabe-se que esse tratamento convencional enfraquece o organismo. Logo, manter uma vida ativa pode ajudar a superar a doença com menos sofrimento.
Inclusive, já há consenso entre os oncologistas (NYROP 2016) que o sedentarismo é um dos fatores agravantes para debilitar a saúde geral. Logo cada vez mais médicos estão orientando seus pacientes a manterem ou iniciarem a prática de exercícios físicos durante o tratamento a fim de passar pelas terapias com mais facilidade.
Desde a década de 90 as pesquisas já apontavam benefícios de os pacientes manterem uma vida ativa. Por exemplo (MOCK, 1994; GRAYDON, 1995) identificaram que a prática de simples caminhadas rotineiras produz índices maiores de funcionamento físico e menores dos sintomas aflitivos, além de reduzir a fadiga presente nestes tratamentos.
Atualmente outras pesquisas confirmam que manter-se ativo é parte essencial para o sucesso do tratamento.
EVANGELISTA (2014) inclusive apontou que os próprios pacientes sentem os benefícios de manterem-se ativos. Melhoras no humor, na força muscular, no vigor e na fadiga são os pontos destacados por eles ao responderem a um questionário.
Outras pesquisas (VIEIRA, 2017; OMAR, 2019) defendem a eficiência do exercício físico em diminuir o linfedema (inchaço) característico em algumas fases do tratamento.
Um estudo inglês (SAXTON 2019) defende que pacientes com câncer têm menores chances de desenvolver problemas cardíacos que os sedentários, pois o exercício físico aperfeiçoa parâmetros fisiológicos (como aumento da aptidão cardíaca, redução da fadiga, melhora do perfil físico com redução de gordura e aumento da massa muscular) de maneira semelhante às pessoas que não têm a doença.
Um outro espanhol IZQUIERDO (2020) orienta que exercícios multicomponentes (aeróbio + musculação + flexibilidade + equilíbrio) são extremamente eficazes em melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer. Houve ganho de força, melhora na qualidade de vida geral, melhora cognitiva e diminuição de sintomas aflitivos.
LIU (2015) apontou relação inversamente proporcional entre exercícios físicos e mortalidade por câncer, ou seja, praticar exercícios físicos durante ou antes do diagnóstico aumenta as chances de sobrevida em até 31%.
E nem é necessário grande tempo de exercício para obter benefícios. Algumas pesquisas (LIU, 2015) recomendam que 2,5h/semanal de atividades moderadas promovem excelentes resultados. Outra pesquisa VIEIRA (2019) sugere que treinar força 1x por semana foi suficiente para melhorar a força de sobreviventes do tratamento de câncer e de “quebra” facilitou a aderência destes ao tratamento.
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Dudu Altoé
Personal Trainer
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físico para grupos especiais
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