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Cafés de microlotes- a teoria levada para a prática em plena safra

Cafés de microlotes- a teoria levada para a prática em plena safra

O curso no Ifes coincidiu com o período de colheita e à medida que conhecia as técnicas, Matheus Grillo colocava em prática na propriedade

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Quando foi convidado pelo sogro para gerenciar a produção de café arábica, Matheus Grillo não imaginava que um universo se descortinaria diante dos   seus olhos. Com formação em mecânica e automação, ele mergulhou de cabeça e achou no curso de produção de cafés especiais do Ifes- Campus Venda Nova o fio condutor de suas ações no pós-colheita da propriedade em São João de Viçosa, Venda Nova.

Tudo que era ensinado, Matheus aplicava. O curso coincidiu com o período de colheita e à medida que conhecia as técnicas ele as colocava em prática, quase que concomitantemente. “Por exemplo: eu participava de uma aula de metodologia de despolpamento, quando chegava na propriedade eu já colocava em prática. Eu apliquei 100% do que aprendi com os professores Lucas e Aldemar, desde as técnicas de cuidados no pós-colheita até a análise sensorial. Tudo que eu sei de café eu aprendi nesse período”.

E o resultado foi excepcional, com todos os cafés acima de 80 pontos. Ma-theus fez a prova de todos e também os levou para análise sensorial do Lapc, no Ifes, e as pontuações foram próximas, assim como parecidas com as análises feitas pelos compradores. “Esse conhecimento me deu segurança para comercializar os lotes. Eu conheço os cafés e sei o que estou vendendo”.

Além dos excelentes resultados no quesito qualidade, as medidas adotadas baixaram alguns custos ao otimizar os trabalhos. Esse foi o caso da secagem, cujo o motor do sistema ficava ligado o dia inteiro. “Descobri no curso que deixar ligado durante 20 minutos e desligado durante duas horas é suficiente, o que gera uma grande economia de energia. Ao automatizar, facilitou meu trabalho, pois não precisei ficar saindo no frio para ligar ou desligar”, relata o gerente.

Matheus, que usou seus conhecimentos para desenvolver a tecnologia de automação do rolo do secador, quer agora também automatizar o processo  de abastecimento de lenha na fornalha, de forma que fique funcionando 12 horas sem perder calor. “Já existe no Ifes uma fornalha a lenha que não gera fumaça em teste e esse é o último processo que preciso aqui. Como funciona hoje, é necessária vigilância constante para saber se o ar quente que circula está na medida certa”.

A higienização de todo o maquinário após o uso, assim como do terreiro suspenso, também tem sido muito eficiente. “Quando terminamos de beneficiar um lote, lavamos tudo. O objetivo e evitar a geração de fungos e bactérias que venham influenciar na bebida dos cafés dos próximos lotes. O café já fermenta naturalmente e a presença de qualquer impureza influencia na qualidade final da bebida do café. Sempre digo que para fazer um arroz bom a panela precisa estar limpa”, diz fazendo uma analogia.

Outro ganho nessa luta em busca do melhor café foi quando passou a arejar a estufa. “O que seca não é o calor e sim a circulação de ar seco. Não é ideal que fique muito quente e gere umidade dentro da estufa. Ao fazer o controle, levantava as laterais e o café, que secava entre oito e dez dias, passou a ficar somente cinco na estufa”.

Esse processo mais detalhado gera cafés especiais com diferenciais. No entanto, o capricho é para toda produção. Na propriedade de 31 hectares, com 170 mil covas, somente três talhões são de microlotes: um é o Alto Colina (três sacas- natural) e outros de cereja descascado são o café amarelo (quatro sacas) e o CVF (oito sacas).

“Fiquei muito empolgado em ver a aplicação das tecnologias rendendo bons resultados. É importante ressaltar que trabalho com uma equipe de funcionários antigos, comprometidos com os ideais de produzir café de qualidade. Todos se empenharam em adotar as mudanças, mesmo que as orientações tenham partido de alguém novato no setor, como eu. Hoje posso dizer que compreendo todo o processo, do plantio até a venda do café”, finalizou.

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