Café premiado rende reconhecimento para toda produção da família Pimenta
A vitória da família Pimenta de Sousa, de Venda Nova, no Cup of Excellence 2020 continua rendendo dividendos
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Luiz Ricardo, assim como seus irmãos, representa uma geração que influencia nas
decisões da família em promover melhorias nas práticas de manejo e pós-colheita do
café e fazer investimentos em estrutura. Ele se desponta também como liderança
na comunidade ao se envolver na vida pública e se eleger vereador.
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A família Pimenta de Sousa, de Venda Nova, continua colhendo resultados positivos de ser a campeão do Cup of Excellence 2020, um dos principais concursos de qualidade de café do mundo. Depois de ficar com R$ 100 mil como resultado líquido da venda do lote de seis sacas no leilão promovido pelo concurso ainda naquele ano, a produção de cafés da família ganhou reconhecimento no mercado e, consequentemente, passou a ser comercializada por preços mais justos.
Inscrito com o nome de Luiz Ricardo Bozzi Pimenta de Sousa, 20 anos, o café é resultado da dedicação dele, dos dois irmãos mais velhos, Luiz Henrique (24) e José Luiz (27), e de toda a família. “Nosso lema é dividir tarefas e responsabilidades e cooperar sempre”, diz Luiz Ricardo.
Os três jovens irmãos, ao assumirem a tradição da família na cafeicultura e implantarem inovações nos tratos culturais e no pós-colheita, trouxeram para Venda Nova e para a Região Serrana do Espírito Santo o título de campeão do melhor café do Brasil.
Os cafés dos 30 classificados do concurso foram ofertados no dia 10 de dezembro, através de plataforma online. As seis sacas de Luiz Ricardo foram vendidas a R$ 38 mil cada. Com os descontos, 42% ficaram para a família, que usou o valor para quitar a dívida da compra de um terreno e mais investimento em estruturação para manter a qualidade dos cafés produzidos.
Com o bom nome no mercado, já aquecido pelo aumento de procura por especiais, o café da família passou a ser mais valorizado. “Mesmo que indiretamente, nós viramos uma referência em cafés especiais no Espírito Santo. Então todo café da nossa família passou a ser mais valorizado em razão do reconhecimento da qualidade de nossa produção”.
Luiz Ricardo é um porta voz da família e também representa o perfil do jovem associado do Sicoob Sul-Serrano, que está preocupado em fazer bem feito para ser bem sucedido. “Continuamos a manter os cuidados nos tratos culturais e no manejo na tentativa de manter a mesma qualidade nas safras seguintes. É uma coisa muito difícil em termos de cafés especiais manter essa qualidade de uma safra para outra”.
O sucesso reconhecido do café produzido pela família tem uma trajetória. O café campeão foi cultivado no Sítio Escondica, localizado na comunidade de São Roque, em Venda Nova, arrendado pela família, que mora em Alto Lavrinhas, onde também cultiva o grão. Ambas propriedades estão numa altitude média de 850 metros, tornando o resultado do concurso uma proeza, considerando que os especiais são reconhecidamente oriundos de regiões acima de 1.000 metros.
Para Luiz Ricardo, essa vitória é resultado do trabalho coletivo que foi enriquecido pelos conhecimentos trazidos pela sua geração. Ele é técnico em agropecuária pela Escola Família Agrícola de Castelo e seu irmão Luiz Henrique estudou no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) campus Venda Nova, onde participou ativamente do desenvolvimento do Laboratório de Análises e Pesquisa em Café - Lapc.
O trio representa a terceira geração da família, que até 2005 só trabalhava com café commodities. Desse ano em diante, começou a adotar novas práticas na colheita e pós-colheita que garantiram um café de qualidade, ainda não reconhecido e remunerado pelo mercado.
No Ifes
Em 2010, Luiz Henrique ingressou no curso de ciência e tecnologia de alimentos no Ifes, Campus Venda Nova. Entre 2013 e 2014, foi convidado pelo professor Lucas Louzada para integrar o time que daria início aos trabalhos de pesquisa no Lapc. Ao conhecer a pontuação do próprio café, a família passou a comercializá-lo melhor e também começou a fazer ajustes no cultivo e, principalmente, no pós-colheita”.
Enquanto Luiz Henrique aprendeu no Ifes sobre a pós-colheita, processamento e desenvolvimento de qualidade do café, Luiz Ricardo (em 2016) foi para a Escola Família Agrícola de Castelo. Lá, ele aprendeu sobre a valorização e agregação de valor ao solo e à planta.
O acesso aos conhecimentos- envolvendo toda cadeia produtiva, do plantio, do pós-colheita, passando pela gestão e pela comercialização- despertou neles a vontade de continuar, aprimorar e ampliar o trabalho da família na cultura do café, culminando com a premiação em 2020.
De acordo com Ricardo, a propriedade segue em parceria com o Ifes, doando cafés para o Lapc fazer análise de desenvolvimento de grãos. “Nós mantemos esse diálogo com Ifes, instituição tão importante para a cafeicultura”.
“Já o Sicoob, além de apoiar os projetos do Ifes que beneficiaram a nossa e outras famílias, fez parte direta do nosso sucesso ao conceder créditos para investimentos na infraestrutura’’, finaliza o campeão.