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Café da Rota faz projeto para receber turistas na propriedade

Café da Rota faz projeto para receber turistas na propriedade

Cafeicultora anuncia a construção de uma cafeteria que funcionará junto com uma cervejaria

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A cafeicultora Renata Vargas Rigo de Sousa, de Conceição do Castelo, se prepara para dar mais um passo para fortalecer o café como produto turístico. Ela e o esposo Zenaldo Baptista de Sousa, promotor de justiça recém-aposentado, vão montar no Sítio Paraíso um espaço especial para funcionar um café e uma cervejaria.

Mesmo antes de se aposentar, Zenaldo já se aventurava na produção de cervejas, uma atividade que ele planejava investir. Em razão da fama dos cafés especiais produzidos e também do reconhecimento por premiações, a propriedade já recebia visitas.

Compradores, pesquisadores, estudantes e curiosos formam esse público. Para recebê-los, Renata conta com um showroom, local onde podem degustar um café e apreciar o processo de torra, que é separado da recepção por painéis e porta de vidro. Esse espaço fica ao lado do galpão de armazenagem e compõe com o terreiro pavimentado a unidade de processamento. Mais adiante os lagos e uma casa fazem parte da sede, toda cercada pelos cafezais, onde o visitante pode conhecer o processo de colheita.

Pela disposição dos equipamentos e pela proximidade com o plantio, a visita aos cafezais e o acompanhamento de todo o processo de produção, que- depois da colheita- passa pela secagem, beneficiamento e industrialização e finaliza com a bebida na xícara, são tarefas fáceis e agradáveis de serem cumpridas. Renata e Zenaldo esperam que, com a cafeteria e com a cervejaria, essa experiência seja ainda mais prazerosa.

 

Linha nova

Este ano, a propriedade lançou o Café da Rota Especial, uma linha limitada preparada somente com grãos acima de 85 pontos que foi premiado no Concurso Municipal de Café de Qualidade de Conceição de Castelo de 2024. “Trata-se de um café mais exótico, com notas sensoriais diferentes dos outros lotes. Este lote tem notas de cacau, caramelo chocolate, melado, especiarias, mel, rapadura, pêssego e damasco”.

Renata explica que as notas de caramelo, cacau e chocolate são mais comuns e que se fazem presentes em quase todas as safras. As novidades ficaram pelas notas bem sutis e detectáveis por paladares mais treinados e que, provavelmente, não se repetirão nas próximas safras. “Nós podemos fazer todos os procedimentos exatamente da mesma forma, com todo capricho e precisão, todos os anos que estas notas sutis dependem do terroir, que é definido por inúmeras variáveis. Então, todos os anos produzimos um café diferente em suas sutilezas”.

Independente das particularidades destinadas pelo terroir, todas as linhas do Café da Rota têm feito sucesso nas prateleiras dos supermercados. A maioria das pessoas que chegam até a propriedade é formada pelos compradores, que gostam do café e querem conhecer a sua origem, sua história e seu modo de produção. Atualmente os cafés da marca estão disponíveis em mais de 450 pontos de venda na região, na Grande Vitória e em Cachoeiro de Itapemirim.

“O visitante quer conhecer além do que a sacolinha do café pode oferecer. Têm os pesquisadores, compradores de diferentes partes do mundo e também os estudantes, que vêm para cumprir a programação do Projeto Agrinho, da Prefeitura de Conceição”.

Renata comemora o momento da cafeicultura no mercado. Com a remuneração atual, os cafeicultores estão podendo se capitalizar e investir o lucro em melhorias de equipamentos, em renovação das lavouras e até ampliar com áreas novas de plantios. “O bom preço do café aquece toda a economia”.

Além de investir na cafeteria, Renata trabalha para ampliar os pontos de venda e assim expandir a curiosidade sobre a marca. “Tenho observado o aumento do consumo dos cafés especiais. As pessoas estão abandonando o hábito de colocar açúcar na bebida e estão apreciando mais a delicadeza de um bom café. Têm ainda os que estão descobrindo que um café moído na hora libera mais aromas e sabores”.

Essa nova forma de se relacionar com a bebida mais tradicional do Brasil é revelada pelo tipo de consumo nas prateleiras e pelos próprios turistas. “Além de quererem saber sobre os processos e a história do nosso café, o visitante quer conhecer os métodos de extração e saber qual é o melhor para cada tipo de café. São muitas curiosidades”. 

Propriedade

A propriedade é localizada no Estreito, onde os morros são cultivados por café arábica, que dividem espaço com remanescentes da mata atlântica. Renata passou a fazer a administração da propriedade em 1987, ano que seu pai, Osvaldo de Mello Rigo, faleceu. Apesar da pouca experiência adquirida com seu pai, Renata foi herdeira de um visionário, que deixou um legado de trabalho, perseverança e seriedade, como ela mesmo descreve.

Na época Renata cursava faculdade de direito e se formou dois anos depois, em 1989. Ela decidiu então deixar a advocacia para se dedicar à administração rural e, desde então, trabalha no cultivo do café. Renata conta que a sua paixão pelo grão surgiu na infância, durante as visitas às propriedades junto com seu pai, que sempre cultivou café, além de comercializa-los, pois ele tinha comércio de compra e venda de café.

Com a dupla linha de combate (produção e comércio), Renata transpôs múltiplos desafios, pois era uma época que poucas mulheres exerciam atividades culturalmente destinadas aos homens. Durantes muitos anos ela esteve à frente da empresa, no comércio de compra e venda de café, numa época em que negociar com uma mulher, principalmente neste ramo, era um tabu. Na época ela também era a única presença feminina nos cursos de capacitação e palestras relacionadas ao cultivo do café.

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