Café cultivado em sistema agroecológico homenageia ave em sua marca
O amor ao meio ambiente fala mais alto na propriedade da família de José Luiz Mauro, em Alto Tapera, Venda Nova.
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José Luiz Mauro e o filho Luiz Henrique produzem sintonizados com o meio ambiente e ainda aplicam conceitos da biodinâmica. |
Com uma produção dentro da filosofia e da prática de interferir o mínimo na natureza, pai e filho: José Luiz Mauro e Luiz Henrique, tocam a cultura do café e se dedicam à apicultura. A propriedade fica em Alto Tapera, Venda Nova.
Depois que assumiram a propriedade com altitude média de 1.000 metros (uma herança do sogro e avô, Gabriel Falquetto), em 2015, eles implantaram a primeira lavoura de café em 2017. Em 2019 foi a primeira colheita, que foi beneficiada na unidade de processamento de um vizinho.
“Devido o terreno da propriedade ser muito íngreme, foi um desafio muito grande montar uma unidade de processamento onde construímos, mas com a assessoria de Aldemar Polonini, professor do Ifes, conseguimos. Nós mesmos fizemos as obras no período da pandemia, quando até minha mãe colocou a mão na massa”, conta Luiz Henrique.
O curso de produção de café de qualidade do Ifes foi um grande estímulo para o patriarca, que já buscava fazer qualidade ao invés de quantidade. Todas os conhecimentos adquiridos vieram ao encontro do que ele desejava: capricho e produção de especiais em pequena escala.
Este estilo para lidar com a produção, em sintonia com a natureza. “Meu pai sempre quis produzir café orgânico e assim o fazemos, mesmo sem certificado. Em meio à mata, as árvores servem de quebra vento, e os pés de cafés crescem saudáveis. “O ecossistema proporciona condições da planta se defender de pragas”, diz Luiz Henrique.
Toda essa sintonia com o meio ambiente é somada à aplicação de conceitos da biodinâmica, que usa a energia do cosmo e dos astros para indicar os melhores momentos para fazer as intervenções. “Existe um calendário biodinâmico que orienta o melhor momento para mexer na terra, na raiz, nos galhos. O mesmo princípio vale para a apicultura, onde existe o tempo ideal para lidar com as colmeias, tirar o mel...”
Inhambu
Nessa prática de respeito à natureza, a família se preocupou em manter um corredor de mata para que os animais circulem dentro dela e se movimentem com segurança. Veados, seriemas, jacu, saracura, sabiá laranjeira, guacho, inhambus e até os raros trinca-ferros compõem a diversidade da fauna.
Todos os dias é possível escutar os inhambus piando. E essa presença constante inspirou a marca do café orgânico, que já ganhou logomarca e embalagem, e deve ser lançado em breve. “Como não temos a certificação de orgânico, nosso desejo é comercializar o café aqui na propriedade, onde o visitante vai poder ver como trabalhamos”, explica Luiz Henrique.
O café Inhambu é empacotado em forma de grão e em pó e, por enquanto, é comercializado vias redes sociais. A embalagem em papel Kraft, com um sistema zip lock, que permite abrir e manter fechado o pacote, ajuda manter o aroma, o sabor e a cor. Como é um projeto novo, Luiz Henrique acredita que o que vale é a confiança do consumidor no trabalho da família.
“Temos projeto de abrir a propriedade para as pessoas conhecerem, fazer trilhas e tomar um café”, diz Luiz Henrique. Devido às inovações, o lugar também é interessante para visitas técnicas para que outros produtores conheçam como a família soube construir uma boa infraestrutura num terreno tão íngreme e ainda conservando ao máximo os recursos naturais.
Outro atrativo é a criação de abelhas nativas- as brasileiras, sem ferrão. O projeto tocado pelo patriarca consiste na captura e depois de colocadas nas caixas são recolocadas na mata. Todo esse ambiente de preservação, as características naturais do lugar e o trabalho familiar faz parte de um cenário perfeito para os cafés especiais, principalmente com o investimento em tecnologias simples e acessíveis.