Cada casa é um caso... e sim, levo esse tema muito a sério!
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Acredito que a casa precisa, de fato, abrigar e ser o refúgio não só do corpo, como da alma. Precisa acolher, ter a identidade e ser cúmplice das pessoas que nela habitam e que com ela interagem. Precisa ter cantos que encantam, que acolham, que congreguem... precisa se integrar à paisagem e a cultura do local que a recebe.
Mais que traços e devaneios mirabolantes, o arquiteto de casas precisa fazer o exercício de aquietar a alma criativa, abrir mão de suas preconcepções e seus pré-conceitos, enquanto escuta atentamente o discurso singular e apaixonado de seu cliente.
Costumo brincar que não sou adepta a nenhum “estilo arquitetônico” específico. Apenas busco inspiração nos detalhes que acende o brilho dos olhos e nas entrelinhas das palavras dos que descrevem a “casa dos sonhos”. E mergulhada nesse universo particular de infinitas possibilidades, garimpo a bagagem necessária para esboçar espaços que possam conversar e tornarem-se cúmplices de seus habitantes.
Percebo também que muitas vezes os 'modismos” e as “tendências” padronizam os espaços e inibem os desejos mais singulares, guardando nos porões aquela peça-relíquia de família, aquele quadro que te faz viajar no tempo, aquela colcha de retalhos que sua avó te presenteou, aquela poltrona velha que te abraça no sono... E assim, a casa vai deixando de ser o cenário de algumas importantes histórias da vida cotidiana.
Mas talvez, na contramão da maré, insisto no desafio de projetar casas. E a cada projeto, sou grata pelas oportunidades e pelos conhecimentos adquiridos. A cada obra que vira lar, a satisfação estampada nos sorrisos dos moradores me impulsiona a continuar...
E como alquimista, sigo capturando sonhos, os transmutando em projetos, que se concretizam em obras, que ganham vida e tornam-se lares nas mãos daqueles que ousaram a sonhar.
E isso pra mim é ser arquiteta!
Paulete Almeida,
arquiteta
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