Autismo: a questão está na mesa
Experiência e trabalho em equipe quer tornar Apae de Venda Nova referência no Protocolo DAN
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Jamille, Raquel, Cinthya e Carla, profissionais que formam o grupo do Protocolo
DAN da Apae de Venda Nova.
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Uma nova visão sobre o autismo está revolucionando a dieta alimentar de alguns usuários da Apae de Venda Nova. Adotada desde o início do ano de 2016 no refeitório da instituição e também nas casas onde as famílias aderiram, a experiência vem rendendo bons resultados, com crianças mais calmas, mais susceptíveis ao tratamento clínico e terapêutico e ainda, em alguns casos, com clara evolução no desenvolvimento.
Esta nova dieta faz parte do Protocolo DAN, que sugere primeiramente entender que o autismo não é visto mais com uma síndrome que ataca apenas a comunicação, o interesse e a sociabilidade da pessoa, mas também seu sistema orgânico.
O Protocolo DAN, em estudo e prática desde 1945 nos Estados Unidos, chega recente ao Brasil, já debatido em congressos biomédicos em São Paulo e em outros estados do país. Há cerca de três meses, a Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo- Amaes fez o primeiro congresso sobre o assunto no Estado, quando participaram a diretora da Apae de Venda Nova, Ducila Falqueto Lorenzoni, e a nutricionista Jamille Falqueto Lorenzoni, que é voluntária na instituição.
Para entender melhor a visão do protocolo DAN, uma frase traduz bem: “ Autismo não está somente na cabeça”. Na visão DAN, o comportamento dos autistas é desencadeado por falhas no processo metabólico de cada indivíduo envolvendo seus sistemas orgânicos imunológico, endócrino e intestinal. Para os pesquisadores chegarem a essa conclusão, a definição de autismo e de sua origem passou por várias pessoas e teorias ao longo de décadas.
Em Venda Nova
A Apae de Venda Nova já desenvolve o ‘Programa Comendo e Aprendendo’, que incentiva as boas práticas alimentares, e o assunto sobre esta dieta específica foi levantando pela mãe de um usuário da Apae. “Esta mãe tinha contato com uma nutricionista que aplicava a dieta DAN para os pacientes e ela acabou nos convencendo sobre a sua importância”, explicou Ducila.
Neste início de ano, a Apae resolveu então adotar a dieta para os usuários com transtorno do espectro autista, oferecendo alimentos dentro da proposta e envolvendo o pais nesse processo. “Para fazer este programa alimentar, a Apae precisaria de contratar uma nutricionista e Jamille se prontificou a trabalhar voluntariamente”, explica Raquel Machado Martins, que é a coordenadora do projeto DAN na Apae de Venda Nova.
Com a implantação do programa, o grupo, que é formado também pela terapeuta ocupacional Carla Vigna e pela fonoaudióloga Cinthya Falqueto Mauro, passou a fazer reuniões periódicas com os pais interessados em aderir ao programa de alimentação. As profissionais também passaram a fazer oficinas dentro da Apae e também nas cozinhas das famílias interessadas em aderir à dieta, visando a melhora dos filhos com a síndrome.
“Nesses seis meses de experiência percebemos que os alimentos deixaram as crianças mais calmas e com evolução no tratamento”, observou Cinthya, animada em trabalhar com as crianças com mais capacidade de participação.