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FAMÍLIA SOSSAI - Alzira traz um retrato de um Jerônimo bravo e sistemático

FAMÍLIA SOSSAI - Alzira traz um retrato de um Jerônimo bravo e sistemático

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O terceiro filho de Elena Caliman e Pietro Noè Sossai, Jerônimo nasceu na Itália, assim como os dois anteriores (Antônia Vitória e Benjamim) e a posterior, Anna Orsola. Quem também fala dele é Alzira Sossai Altoé, sua neta de 89 anos, que é filha de Júlio Sossai (seu quinto filho) com Rosa Venturim.

Alzira, que junto com os pais, morou na mesma casa com o avô Jerônimo, se lembra de um homem bravo e sistemático. “Quando o irmão dele faleceu, meu pai cuidou da cunhada. E eu nasci na casa de meu avô e só sai de lá quando me casei. Meu pai continuou lá, pois as suas irmãs foram se casando e saindo. Meu avô morreu em casa, acho que com mais de 90 anos”.

Sempre com um cachimbo na boca, Jerônimo era um homem que controlava tudo. “Ele só mandava, vigiava tudo, sabia onde ficavam os ninhos dos patos e das galinholas, que sempre iam botar no meio do mato.  Todos os filhos de Jerônimo já faleceram. “Meu pai Júlio era alto, diferente do meu avô, que era baixo”, recorda-se.

A família de Jerônimo Sossai plantava milho e a produção de milho roxo se destacava. “Na verdade, a variedade tinha a palha roxa e o sabugo com a tonalidade mais para o cor-de-rosa e era macio para debulhar. Veio o catetinho, que de tão duro era preciso usar uma máquina para debulhar. Eu também ajudava a plantar. Éramos em três mulheres e eu era a mais forte. Eu abanava o milho, derrubava capoeira e ajudava nos plantios, que eram feitos no sistema de revezamento. Eram sete cortes e a cada ano recebia um cultivo diferente”.

 

No trabalho desde a infância

Assim como a maioria das meninas, aos 10 anos, Alzira fazia todos os serviços de uma casa. Por causa de suas obrigações e pelo pouco acesso ao ensino, ela só estudou até a 3ª série na Escola que é  a atual Domingos Perim, que fica no Centro de Venda Nova. Ela se recorda que passou pelas professoras, Neuza Perim, Dona Carmem e Dona Ormi.

Ela também se recorda que um certo dia o seu tio João foi visitar a família e ficou admirado ao ver a pequena Alzira puxar a massa de macarrão. “No dia que ele faleceu eu fiquei encarregada de preparar o jantar. Fiz a massa com trigo, ovos e água. Espichei, cortei e temperei”, conta sobre a menina que também sabia fazer carnes, polenta, verduras refogadas e todas as receitas comuns da época.

As habilidades de Alzira também se revelaram na costura e nos bordados, como se revelou no enxoval todo feito por ela. “Apenas vi um vagonite e aprendi a fazer. Costurava na máquina as rouparias em geral e também bordei à máquina e fiz lindos desenhos nos bastidores. Na época, cada moça que casava ganhava uma máquina de costura como herança. Eram as do tipo que tinha que manobrar os tecidos com as mãos e fazer força no pedal”.

Em sua juventude, a alegria era ir a pé para a igreja, local onde encontrava com as colegas e de onde saiam os rapazes para jogarem futebol, quando tinha os campeonatos. Voltavam os casais, devidamente vigiados pelos pais, pois, conforme relata Alzira, era um namoro de só estar perto. Os bailes eram em casa e os pares dançavam nas salas com assoalhos de madeira.

Alzira se casou aos18anos com Ângelo Altoé, um dos filhos de Ernesto Altoé,  e foi morar no casarão da sua nova família. Eles tiveram nove filhos e, seguindo o modelo da época, trabalhou muito para poder alimentar todos e proporcionar um lar com relativo conforto.

Viúva desde os 50 anos, Alzira agora borda para os netos. Ela presenteia cada neta que se casa com um lençol bordado em vagonite que é montado e costurado pela nora Dodô.  “Eu aprendi a bordar quando tinha uns sete anos de idade, pois a professora ensinava na escola. A professora Ormi Moreira, que veio da Fazenda do Centro, tinha uns 70 anos e ainda dava cursos de bordados e pintura na hora do recreio. Eu sempre gostei de fazer as coisas”, finaliza.

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