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75 anos do Rio Branco: o ápice do futebol tricolor

75 anos do Rio Branco: o ápice do futebol tricolor

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O ano de 1995 foi marcante para o Rio Branco de Venda Nova. O Clube chegou ao ponto mais alto da história do futebol local ao ser vice-campeão do Campeonato Capixaba profissional. O presidente na época, Cezar Machado, e os companheiros de diretoria conseguiram um grande apoio de empresários locais e dos poderes públicos municipais.

Quando assumiu a presidência, em 1990, o Clube contava com a renda do bar, que mal dava para pagar as suas contas de energia e de água, conforme relata Cezar. Ele, que foi jogador nos anos de 1995 e 1996 e parou em razão de lesão nos dois joelhos, passou a ajudar o Rio Branco e anos depois fora convidado a assumir a presidência.

A fase não era das melhores e, de acordo com Cezar, ninguém queria assumir a presidência, embora muitos ajudassem o Clube. “Eu estava sempre por perto ajudando. O pessoal sugeriu meu nome e eu acabei aceitando. Todos os jogadores da época eram amadores, sem remuneração e atuavam só pelo prazer de jogar aos domingos”.

Cezar chegou à conclusão de que precisaria do ano de 1990 só para arrumar a casa, sem jogos. “Não tinha portão, os troféus que ornavam o bar sofreram com vândalos e muitos foram quebrados e jogados fora. Parei tudo para tentar ajeitar a situação”.

Em 1991 o Clube jogou no principal campeonato amador da região e em 1992, profissionalizou-se. “Eu tinha bons contatos na Federação e consegui isenção de taxas. A comunidade ajudou muito, fizemos convênios e parcerias para cumprir exigências burocráticas e de estrutura. Foi tanta gente trabalhando para dar condições ao Rio Branco, numa demonstração que a paixão pelo Clube se mantinha viva”.

Com a participação somente de jogadores locais, jogando como profissionais, mas abrindo mão de remuneração, o Rio Branco conquistou o quarto lugar no Campeonato Capixaba da segunda divisão. Em 1993 conseguiu ser campeão com um time misto: eram seis jogadores locais e o restante de contratados de fora do Município. “Muitos jogadores locais não tinham como deixar seus empregos e se dedicarem exclusivamente ao futebol. Então os locais passaram a perder espaço para os contratados, que se instalavam em Venda Nova no período dos jogos. Não tinha como mantê-los o ano todo, sendo que o Campeonato só envolve três meses de atividade. Os jogadores profissionais pulam de um campeonato para outro, vivendo somente da atividade esportiva”, explica Cezar.

Em 1994 o Rio Branco passou a fazer parte da primeira divisão do Capixaba, como conquista natural do campeão da segunda. Apesar do bom desempenho, o time seria rebaixado e retornaria à segunda, mas foi mantido na primeira divisão pela disciplina. “Ganhamos o troféu de melhor anfitrião”, recorda-se Cezar.

O desempenho do Rio Branco em 1995 ficou à altura dos demais concorrentes, fazendo o clube se destacar na grande imprensa do Estado. Com uma atuação considerada brilhante, foi vice-campeão, empatando no jogo de ida e de volta com o Linhares, do Norte do Estado. Venda Nova ficou eufórica e comemorou nas ruas o resultado.

Para Cezar esse foi o ápice do futebol em Venda Nova. Com muitos patrocínios, o Clube conseguiu contratar bons jogadores do Rio de Janeiro e São Paulo, e atraindo um grande público para torcer nos jogos dentro e fora de casa, que agora contava com arquibancadas e melhor estrutura de acolhimento.

“Conseguimos apoio da municipalidade, com repasses importantes de recursos, assim como patrocínios de peso. Camilo Cola sempre nos apoiou, assim como empresários da família Perim, Pagotto e vários outros, que mantinham doações fixas todos os meses”. Cezar explica que os recursos públicos, devidamente aprovados pela Câmara, eram para custeio: alimentos, viagens, remédios, materiais e outros.

Com essa revitalização, em 1995 a diretoria resolveu colocar nome no Estádio, que passou a ser chamado de Olímpio Perim. “Fizemos uma pesquisa na comunidade e o resultado foi 95% favorável ao nome dele. Ele foi técnico, atuou como presidente... Ele foi tudo para o Clube nas décadas de 50 a 70, fazendo com que esse projeto esportivo e comunitário chegasse até os dias atuais. Deolindo Perim, seu irmão, foi presidente antes dele, mas Olímpio já tocava o funcionamento do time. E isso é muito importante para a história do esporte em Venda Nova”.

Depois, em 1995, o Rio Branco continuou no Estadual, mas não chegou mais à final, embora fosse bem competitivo em meio de campo. Em 2017 passou a contar com o apoio do Sicoob Sul-Serrano e fez parceria com o China Park, resultado do encontro dele com o empresário Valdeir Nunes na época da Copa (quando o campo do Rio Branco e do China ficaram à disposição para treinos das seleções mundiais).

Cezar, que deixou a diretoria anos depois (e entre idas e vindas, soma 26 anos de dedicação ao Clube), acha que a saída do Estadual se deu em 1999, ficando 13 anos fora da disputa. Ele acredita que um novo recomeço do Clube, que conta com uma nova geração de dirigentes desde 2018, seja o retorno às raízes, com a valorização dos atletas locais. “Talvez o caminho seja de fato o da escolinha de futebol para descobertas de novos talentos. Acredito que a solução seja realmente junto aos moradores, como foi no início da história do Rio Branco”.

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