75 anos do rio Branco - Um time para o Capixabão e escolinha de base
Enquanto sonha com a parceria com um grande time, quem sabe até com um italiano, diretoria trabalha para se manter no profissional construindo sua base com a escolinha de futebol
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Uma nova geração está se apropriando do Rio Branco Futebol Clube. Ao completar 75 anos, o time que encantou gerações, tem na diretoria homens com menos de 50 anos, a maioria com histórico familiar de ligação com o 'Brancão Polenteiro”, título atribuído pela imprensa em reconhecimento à cultura da comunidade que construiu essa história.
Erivelto Uliana (48 anos), presidente desde o dia 1º de janeiro de 2018, disse que só aceitou o desafio de assumir a empreitada quando seis amigos também aceitaram fazer parte da diretoria. Roger Pagotto é vice-presidente, Rodrigo Zandonade, diretor financeiro; Luciano Nodare, diretor de patrimônio; Frederico Rodrigues, diretor administrativo; Raimundo Rodrigues, diretor social, e Fabrício Nóia, diretor de Futebol. “Sempre tomamos as decisões por maioria”, ressalta Uliana ao destacar a participação ativa do presidente do Conselho Deliberativo, Elder Minet Zavarize, e do presidente do Conselho Fiscal, Flávio Almeida.
Dentre os principais propósitos do grupo que compõe a atual diretoria está criar um time profissional competitivo para disputar o Capixabão, além de manter a escolinha de futebol, sem terceirizá-la. “Trabalhamos para manter um bom time profissional via integração com a comunidade, empresários e torcedores. E isso tem dado muito certo. Somos o Clube do Estado com mais patrocinadores: são mais de quarenta”.
Se o equilíbrio financeiro está sendo construído com a ampliação do leque de parceiros/patrocinadores, a imagem do Clube diante do Estado tem contado com a força da torcida. No meio de campo, um time comprometido com a disciplina e a técnica, enquanto na arquibancada a comunidade demonstra a sua paixão, bem como sua disposição em jogar muita energia positiva para os jogadores. Em três anos de Campeonato, o Rio Branco teve o maior número de torcedores em duas campanhas e um segundo lugar.
Escolinha de futebol
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Erivelto, assim como toda diretoria, enxergou no restabelecimento da escolinha de futebol das categorias de base o presente e o futuro para o Clube. Terceirizada pela diretoria anterior, a escolinha passou a ter uma atenção especial, triplicando o número de alunos. “Junto ao trabalho com a Escolinha, desenvolvemos um projeto social em parceria com a Prefeitura Municipal. O alvo são os alunos carentes, com renda familiar de até três salários mínimos, com acesso gratuito às aulas”.
Esse movimento da atual diretoria, conforme avalia Erivelto, traz a visão do papel social que o esporte deve ter. “Enxergamos que o futebol vai muito além das quatro linhas do campo. A prática bem orientada ensina as crianças a se dedicarem. Junto vem aprendizados como superação, trabalho em grupo, perder com dignidade e vencer com humildade. Enfim, ajuda na formação da personalidade ao mesmo tempo que tira as crianças, adolescentes e jovens das ruas, dos perigos das drogas e do sedentarismo; ensinando-os a valorizar a saúde e a vida”.
Antes da pandemia do novo coronavírus, o Rio Branco contava com 240 alunos na escolinha, com idade de cinco a 17 anos, sendo a metade do projeto social. “É a menina dos nossos olhos”, ressalta Erivelto, mirando o futuro. “Quem sabe ainda voltaremos a formar um time exclusivamente com jogadores da comunidade?”
Enquanto isso não acontece, o Rio Branco continua lançando mão da contratação de jogadores profissionais de fora do município, mas sempre atendo aos talentos locais. O goleiro, por exemplo, é de Venda Nova. Giovane Perim é filho de Eudes Perim, um dos veteranos da história do futebol local. Com vasta experiência no Rio Grande do Sul, ele retornou para ficar mais próximo da família e agora contribui com o clube.
Numa posição de destaque no futebol profissional capixaba, o Rio Branco tem resultados suficientes para acreditar que vale a pena investir no profissional. “No primeiro ano que voltamos à Série A do Capixabão, já ficamos em terceiro lugar, perdendo a classificação na semifinal num erro de arbitragem. No segundo ano, perdemos nas quartas de finais e terminamos em quinto lugar”.
Esse ano o Rio Branco terminou a fase classificatória em segundo lugar. Erivelto ressalta que o time estava crescendo muito em técnica e competitividade, com grandes chances de passar às próximas fases e, chegar à finais. “Infelizmente o Campeonato foi suspenso pela pandemia. Não temos datas definidas, porém, é provável que só terminará nos meses de novembro e dezembro”, avalia ao ressaltar a importância do apoio da torcida e a forma transparente da administração do Clube, que colocou o Rio Branco em posição de destaque no Futebol Estadual. “Hoje somos referência”, afirma o presidente.
Toda essa seriedade na condução do Rio Branco, tanto em gestão financeira quanto em trabalho técnico esportivo, tem conquistado a comunidade e a imprensa especializada, conforme relata o presidente. “Hoje não é mais o Rio Branco de Venda Nova, mas o 'Brancão Polenteiro' como é identificado pela imprensa esportiva. Tornou-se o time da Região Serrana, pois temos torcedores de todos os municípios vizinhos: Castelo, Conceição do Castelo, Vargem Alta, Domingos Martins, Afonso Cláudio, Brejetuba, Ibatiba, Iúna, Muniz Freire e outros”.
E essa sinergia do Clube com a comunidade pode ser medida também pela presença de famílias inteiras na torcida. “Como é prazeroso ver os avôs, pais, filhos e netos juntos no Estádio. É o amor ao Rio Branco passando de geração a geração. É muito bom olhar na arquibancada e ver a Dona Marta Altoé, a Dona Áurea Brioschi, a Dona Elza Gomes, a Dona Angélica Pagoto, a Dona Dalvina Perim e os senhores Plínio Brioschi, Eudes Perim, Tirso Altoé, Joanim Fiorese e tantos outras vovós e vovôs. É emocionante!”
Esse encontro de gerações na arquibancada demonstra como a história do Rio Branco foi construída com solidez. Como será daqui para frente é outro desafio, com alternativas e soluções talvez diferentes das encontradas até agora. Para Erivelto Uliana, manter o Rio Branco no profissional é um estímulo e um chamariz para a adesão à Escolinha de Futebol. Assim como manter a Escolinha é uma possibilidade de descobrir e/ou construir novos talentos, o que pode gerar renda no futuro para a sustentabilidade do clube.
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Construir essa sustentabilidade, na avaliação de Erivelto, é o maior desafio. Além de manter o clube no profissional e fortalecer a Escolinha de Futebol, ele e toda diretoria acreditam que a sustentabilidade do Clube só será alcançada com uma parceira com algum Clube “grande” do futebol brasileiro, ou quem sabe do futebol internacional. Ele arrisca mirar, como hipótese, um clube Italiano, de onde vieram os ascendentes da maioria das famílias de Venda Nova.
“Poderia nos ajudar com o fornecimento de conhecimento técnico para nossos profissionais das categorias de base e com um apoio financeiro para disputarmos os campeonatos estaduais. Acredito que só assim vamos evoluir tecnicamente para, no futuro, termos diversos jogadores das categorias de base no nosso time profissional. E, em contrapartida, os atletas revelados pelas categorias de base do Rio Branco teriam exclusividade para serem contratados por esse clube parceiro”. Enquanto vislumbra essa possibilidade, a diretoria atua com os pés no chão, trabalhando para equilibrar as contas e nunca perder de vista a busca pela excelência dos jogadores em meio de campo.