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30 anos empreendendo na educação pública de Venda Nova

30 anos empreendendo na educação pública de Venda Nova

Data de Publicação: 28 de fevereiro de 2020 20:31:00 Hoje diretora da Escola Estadual Liberal Zandonadi, a educadora Solimar Giestas comemora as três décadas relembrando sua trajetória Venda Nova

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Por onde passa é conhecida por muitos como 'Solimar da Educação'. E ela se orgulha e fica feliz pelo
reconhecimento, por ter se tornado referência na educação de Venda Nova.

Em abril vai fazer 30 anos que Solimar Giestas Paiva Lopes se dedica à educação pública em Venda Nova. Somando suas atuações anteriores além do território local, são 38. Atualmente diretora da Escola Liberal Zandonadi, no bairro Vila Betânea, ela se orgulha da reputação da unidade, que tem como base uma trajetória de outras gestões e também construída pela atual e dedicada equipe.

Com tempo de serviço suficiente para se aposentar, ela não pensa em parar, pelo menos por enquanto. Basta ver o entusiasmo que fala dos projetos desenvolvidos na escola e do orgulho com que conta sua trajetória. De uma memória impressionante, Solimar lembra de momentos importante da história da educação de Venda Nova, sendo que em quase todos ela estava atuando profissionalmente.

Solimar é nascida em Afonso Cláudio e veio parar na região para trabalhar no antigo Mobral, cuja sede era em Vitória, e depois se transformou na Fundação Educar. Dentre três candidatas ela foi selecionada para atuar como supervisora de área e assim chegou na região pelos meados de 1984. “Era um cargo federal e eu atendia Conceição do Castelo, Castelo, Iúna, Ibatiba, Irupi, Afonso Cláudio e Venda Nova (que era distrito)”.

Dentro de um cronograma de visitas, Solimar passava por toda a região e a cidade que mais ficava era Conceição do Castelo, pela facilidade de deslocamento. Sua função era implantar  salas de alfabetização para jovens e adultos e, com a mudança do Mobral para Fundação Educar (que tinha parcerias com as Prefeituras), ela também presenciou a criação das primeira salas de educação infantil nos municípios citados.

“Eu me lembro como se fosse hoje o dia que implantamos duas salas de educação infantil na escola Liberal Zandonadi, onde hoje estou diretora. Todas as salas de educação infantil, que funcionaram na região até a promulgação da Constituição Federal (1988 ),  foram implantadas pela Fundação Educar”.

Pela força da promulgação da Constituição Federal todas as prefeituras assumiram essas salas de aula, dando origens aos EMEIs (antigos jardim de infância ). Nessa época, Solimar já era casada e passou a ter residência fixa em Conceição do Castelo (casou-se em 1986), e tinha se desligado de seu emprego federal, pois era inviável continuar sua vida de viagens.

O então secretário de Educação de Conceição do Castelo, David Conti Hupp, sabendo da disponibilidade de Solimar, a convidou para integrar sua equipe. Em 1989, a então emancipada Venda Nova fez o primeiro concurso público municipal e Solimar (que se inscreveu poucas horas antes do prazo expirar) passou com nota máxima.

David, que tinha assumido a Secretaria Municipal de Educação, do município recém-emancipado,  e o então prefeito, Nicolau Falchetto, a convidaram para ocupar um cargo. Solimar ficou 16 anos e meio atuando dentro da Secretaria Municipal de Educação – antiga Semec,  passando por todos os secretários de Educação, com exceção da atual, que quando assumiu essa pasta, ela já estava cedida para a Secretaria de Estado da Educação - Sedu, para responder pela direção da EEEF Liberal Zandonadi.

De 1990 a 1992, Solimar foi nomeada para responder pela coordenação pedagógica e  cultural da Biblioteca Municipal Benito Caliman. “Fui a primeira pessoa da história  a assumir um cargo de confiança sem residir em Venda Nova. Em 1993 deixou essa função, pois também passou em um concurso do Governo do Estado para inspetora escolar para os municípios de Conceição do Castelo e Venda Nova,   passando a legalizar todas as escolas fundadas nestes municípios, particulares e públicas.

“Todas as escolas públicas precisam de um ato de criação para iniciar as suas atividades e, depois de quatro anos, de uma ato de aprovação. Seria o que chamamos hoje  de credenciamento das escolas junto à Secretaria de Estado da Educação e ao Conselho Estadual de Educação. Todas passaram pelas minhas mãos, com exceção da escola Domingos Perim, que já era credenciada”, recorda-se.

Solimar participou dos processos de criação das escolas de Pindobas, Alto Caxixe e Atílio Pizzol, de São João de Viçosa. “Nesse período as escolas unidocentes e pluridocentes foram desativadas para a nucleação, quando os municípios criaram linhas de ônibus para levar os estudantes de comunidades menores para os maiores núcleos, como Pindobas, Caxixe e São João”. No mesmo período, ela também acompanhou o processo de criação da Escola Piccolo Mondo, a primeira escola particular de Venda Nova.

Em 2001, pela força da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional / 1996- LDB,  que exigia que todos os profissionais da educação tivessem educação superior na área de pedagogia na primeira década da lei , a Ufes buscou parceria com o Município para interiorizar, a princípio, o  curso de graduação em pedagogia.  Por Venda Nova centralizar a região geograficamente, a proposta foi o Município sediar o Centro Regional de Educação à Distância- Cre@ad. Braz Delpupo, então prefeito, aceitou. Enquanto preparava o terceiro andar do prédio da Prefeitura para sediá-lo, onde funciona até hoje, o Crea@d começou a ganhar forma na sede da Secretaria Municipal de Educação, que na época funcionava no Centro Comercial Deolindo Perim, no Centro de Venda Nova .

Solimar foi designada para coordenar o processo de seleção para o ingresso dos professores no curso de graduação em pedagogia e depois coordenar o Cre@ad em Venda Nova que, por meio de parceria com as outras prefeituras, recebia alunos de vários municípios conveniados, totalizando 11 no início da criação. “Foram três entradas de turmas, graduando em torno de 600 profissionais dessa região. Como era convênio, esses alunos não tinham gastos com mensalidade do curso, salvos com os fascículos das disciplinas cursadas a cada semestre’’, recorda-se.

Entre 2007 e 2008 o Cre@ad foi transformado em Polo Municipal de Apoio Presencial das Universidades Abertas do Brasil- Polo UAB, atendendo exigências legais do Ministério da Educação e Cultura- MEC. Solimar ficou como  coordenadora do Cre@ad/Polo UAB de Venda Nova  durante 15 anos. “Em  2001 contávamos com pouca tecnologia, comparando com a atualidade. Era tudo manual”.

Solimar se recorda que estava com o pai internado na UTI de um  Hospital  na Serra quando o Município foi convocado para enviar um profissional da educação para participar de  uma reunião urgente na Ufes, onde foi detalhado/ esclarecido como funcionaria o Cre@ad. “Como eu era a profissional da equipe da Educação Municipal e estava mais próxima da Ufes participei dessa reunião a pedido do  então secretário, Gervásio Ambrosim, e a partir daí acabei ficando com a responsabilidade de ser a intermediária da implantação ( coordenar o primeiro vestibular para um curso superior no município)  e depois da coordenação do Cre@ad”.

Por vários anos Solimar atuou como  inspetora escolar na Semec e Subnucleo Regional de Educação, das 7  às 17 horas e saia direto para o Crea@d/UAB, onde trabalhava até as 22 horas. “Era muito trabalho e muita responsabilidade nessa trajetória de empreender na educação pública de Venda Nova”.

Em  2005 através da Lei da Municipalização  passou  também a responder pela supervisão escolar da Escola Atílio Pizzol, em São João, permanecendo no cargo até 2007,  e sua carga horária aumentou: no horário matutino era inspetora escolar, à tarde estava na Atílio Pizzol e pela noite na direção do Polo UAB.  Em 2013 ela reassumiu o cargo no Estado e foi localizada como pedagoga na Escola Liberal Zandonadi,  conciliando com a coordenação do Polo UAB  até  meados de 2016.

Em janeiro de 2016 teve início o processo para selecionar a nova diretora da Escola Liberal Zandonadi, que foi anunciada em maio. O nome de Solimar disputou com mais três e ela assumiu  a gestão dessa escola no dia 3 de junho.

Com dedicação exclusiva, Solimar sai do Polo e mantém garantida sua cadeira no Município, através de um termo de cessão por três  anos e, após expirado esse período, por um prazo de cinco anos. Esse único cargo preenche sua agenda de responsabilidade e ela, além de seu vasto legado, quer desenvolver uma escola focada na educação integral aluno/comunidade e com os profissionais que lá atuam.

“Fazer educação é um processo contínuo. É preciso empreender com muito estudo, empenho, doação, dedicação e renúncia. Cheguei num Município onde as famílias valorizam a educação formal dos filhos e isso ajudou muito em meu trabalho. As pessoas aos poucos foram vendo que eu executava as minhas tarefas com muita seriedade, compromisso e ética. Fui conquistando respeito e credibilidade”, disse a educadora que por onde passa é conhecida por muitos como 'Solimar da Educação'. E ela se orgulha e fica feliz por esse reconhecimento, por ter se tornado referência na educação de Venda Nova.

A história profissional de Solimar, assim como de outros profissionais locais,  está ligada à história da educação de Venda Nova. “São 38 anos na educação pública, sendo 30 exclusivos a de Venda Nova e fico feliz em ter contribuído com o município. Fico mais feliz ainda em estar na gestão da  Escola Liberal Zandonadi, onde meu filho mais velho foi alfabetizado. A filha dele, minha netinha, também estuda aqui, onde foi alfabetizada. É uma história que se repete. Para mim, este fato demonstra o quanto eu confio  na qualidade do ensino dessa unidade de ensino. Se eu fosse escrever tudo que tive a oportunidade de viver e presenciar durante essas três décadas daria para escrever um livro. Aproveito a oportunidade para agradecer imensamente a todos que contribuíram para que eu chegasse até aqui. Por me oportunizarem a aprender com eles e pelas muitas pessoas que me abriram caminhos. Gratidão a todos que passaram pela minha vida profissional e com isso ajudaram a escrever a minha história’’.

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