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‘’Venda Nova, vida nova’’, o lema que atraiu o advogado para atuar e viver no município

‘’Venda Nova, vida nova’’, o lema que atraiu o advogado para atuar e viver no município

José Vicente Gonçalves Filho escolheu Venda Nova para iniciar sua vida profissional logo depois de formado em uma faculdade de Governador Valadares

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Depois de 34 anos morando em Venda Nova, praticamente o mesmo tempo de atuação profissional, o advogado José Vicente Gonçalves Filho mantém o mesmo entusiasmo pela profissão e pela vida de quando abriu seu escritório na cidade. Apesar de contar com uma equipe de profissionais atuando em seu escritório, ele revisa todas as peças, mantém uma agenda lotada e anda recusando causas.

O agora 'Cidadão Vendanovense', conforme reconhecimento da Câmara Municipal em Sessão Solene comemorativa ao aniversário de emancipação de Venda Nova do ano passado, quer tempo para curtir a família, manter as amizades e acompanhar a movimentação política e administrativa da cidade que escolheu e que o acolheu.  “Sou um cidadão que não me furto aos debates, não resisto a uma boa conversa e gosto de participar da movimentação política, pois acredito que é ela que conduz nossas conquistas coletivas”.

E, assim, verdadeiramente incorporado à cidade, José Vicente gosta de dizer o quanto aprecia Venda Nova e como sempre está disposto a colaborar, principalmente com as causas nobres. “Penso que temos que apoiar as causas sociais, como o Hospital Padre Máximo e outras instituições que conferem qualidade de vida ao lugar. Assim sempre fizemos no escritório, com um grande número de causas que simplesmente somos responsáveis sem ônus para os nossos clientes”.

Atualmente o escritório figura entre os maiores em volumes de processos (são 1.300 ações em tramitação), entre causas civis, criminais e trabalhistas. As contas são do próprio advogado, que ostenta pilhas de processos em sua sala dividindo espaço com uma ampla biblioteca. Além do registro na Ordem dos Advogados – OAB do Espírito Santo (nº 5.495), ele também mantém o registro na de Minas Gerais (nº 51.248), onde também atua. 

Bem-sucedido em seu escritório e em seus empreendimentos, o advogado também é empresário no ramo de hotelaria (Hotel Três Pontões, em Afonso Cláudio, e Rodoviária Venda Nova- Rodovenda) e vislumbra novos investimentos em Venda Nova. Sua inquietude o leva para atuar em outras áreas, nas quais ele tenta envolver seus filhos em idade para atuar profissionalmente. Ele tem cinco filhos de uniões anteriores e, atualmente é casado com sua conterrânea Aline, com quem tem duas enteadas.

José Vicente acredita que a sua conexão imediata com a cidade e o seu trabalho construído ao longo dessas mais de três décadas o levaram a receber o título de Cidadão Vendanovense. “Eu me sinto muito feliz e tenho muito orgulho, pois essa terra passou a ser o meu lugar de fato. Tenho raízes em Mutum, Minas Gerais, lugar que vou com certa frequência, e também tenho orgulho de ter nascido e crescido lá”.

Ele acredita que sua relação com o público, principalmente o seu acolhimento aos mais carentes que necessitavam de um atendimento jurídico gra-tuito, o aproximou da comunidade. Essa parte filantrópica de seu escritório somada à sua atuação no serviço público, trouxe reconhecimento à sua conexão com a população local. Durante o período que foi assessor jurídico da Câmara, muitas demandas aos vereadores acabavam chegando às suas mãos pela natureza jurídica desses pedidos. “Eu dava andamento a essas demandas que apareciam na Câmara”.

Mesmo com a dedicação em muitas causas sem cobranças, José Vicente diz que sempre procurou remunerar bem a sua equipe de advogados, pois acredita ser fundamental que os profissionais sejam reconhecidos e mantenham entusiasmo com o ofício.  “Sempre desejei fazer algo em prol do semelhante. A vida me deu oportunidades e acredito que tenho essa obrigação social. Tive uma família que me deu suporte e isso gerou certa leveza para vencer as minhas lutas e venci pensando em fazer a diferença, sendo remunerado ou não”.

Nessa sua trajetória de interação, ele também conquistou em 2006 o título de 'Cidadão Afonsoclaudense', pela Câmara de Afonso Cláudio. É que, como advogado e também como empreendedor, José Vicente atua em toda região, conhecendo pessoas com diferentes status sociais e condições financeiras. “Eu gosto de me comunicar e sempre cuido para tratar todas as pessoas com a mesma atenção e entusiasmo. Eu acredito no ser humano e, mesmo diante de seus erros, luto para que a justiça seja feita e para que todos tenham direito de se defender”.

 

Discurso

Ao receber o título de Cidadão Vendanovense, o advogado José Vicente Gonçalves Filho fez uma retrospectiva sobre a luta para instalar a Comarca de Venda Nova. Ele ressaltou o empenho ainda no mandato do primeiro prefeito, Nicolau Falchetto, que por falta de um espaço adequado dentro do então orçamento do município, não foi possível nesse mandato. “Depois conseguiram no mandato do saudoso Braz Delpupo”, disse o homenageado. 

 “ Tive a honra de chegar aqui quando a cidade já tinha eleito prefeito e vereadores e assisti a posse do primeiro prefeito e dos primeiros vereadores.  Cleto, como presidente da Câmara, sancionou a Lei  Municipal, que em 1992  autorizava o município a contratar um defensor público’’. 

 

Formação e decisão

Formado em direito em Governador Valadares, José Vicente relata que na época quem morava no Leste de Minas tinha duas opções para estudar direito: Colatina/ES ou Valadares/MG. “Ainda no quarto ano, eu já tinha aberto o meu escritório. Porque naquela época a gente recebia a carteirinha de estagiário, já podia ir na Justiça do Trabalho, podia fazer audiência sozinho... Acompanhado de outro advogado, já fazia júri e eu já tinha um certo traquejo”.

Quando ele terminou o curso, recebeu o convite para ir para Rondônia, para ser um assessor de um desembargador. “Eu, decidindo o que ia fazer, passou um carro com um adesivo com o slogan da Campanha da Emancipação Política (que já tinha acontecido): 'Venda Nova, Vida Nova'. Eu olhei e disse: 'Eu vou para aquela cidade'”.

O recém-formado advogado ainda escutou de uma pessoa uma pergunta em tom de brincadeira: “O que você vai fazer num lugar que tem seis casas?”. Eu vou construir a sétima lá, respondeu. 'Estou indo para Venda Nova do Imigrante'”.

Ele doou os móveis e eletrodomésticos para os vizinhos e colocou numa caixa de papelão os livros que julgou serem suficientes para montar um pequeno escritório.

Como faltava a máquina de escrever, José Vicente pegou uma Lettera 32, laranjinha, e ficou esperando o primeiro cliente chegar. No terceiro mês apareceu meu primeiro cliente, da família Fazolo. No dia da audiência de instrução e julgamento eu não tinha um carro para andar, fui de caminhonete de carona com Genir Fazolo. Quando estava descendo a Fazenda do Centro eu pedi para ele parar, entrei no mato e ajoelhei. Pedi a Deus que me desse força, inspiração, para enfrentar a minha primeira causa no Espírito Santo. E deu certo”.

 “Nasci pelas mãos de uma parteira. Meu pai era um homem analfabeto e de uma fé inabalável. Ele dizia assim: 'Meu filho, não cai uma folha sem a permissão de Deus'. E eu continuo acreditando nisso, tudo acontece somente com a permissão de Deus. Eu acredito que foi Deus que permitiu que eu encontrasse Venda Nova do Imigrante e que eu parasse nessa cidade para recomeçar uma vida nova”.

Outra passagem também que o ajudou a se consolidar na advocacia tem a ver com Cleto Venturim. “Ele chegou no escritório e me falou que tinha uma causa e perguntou se eu tinha interesse: a do 'Paulinho do Braú'. Cleto disse a ele que eu era o homem que o livraria da cadeia, mas que eu cobrava caro. E o cara falou 'eu não quero saber o preço dele. Eu quero sair daqui'. E aí foi a primeira causa que recebi os honorários”, recorda-se.

A partir dessa experiência, José Vicente viu sua carreira em Venda Nova começar. “E eu comecei a aprender com o povo, com as famílias de Venda Nova. Eu observei o que cada uma fazia e como agia a comunidade. Tudo que o vendanovense põe a mão dá certo. A mão com carinho, com dedicação”, disse citando como exemplo padre Cleto Caliman e as suas conquistas para o lugar.

 

Valores

Assim como o voluntariado, José Vicente cita a força do cooperativismo. “Venda Nova sempre foi marcada pelo voluntariado e pelo cooperativismo, que tem na figura de Cleto Venturim uma grande liderança, que representa um dos exemplos das famílias, dentre tantas outras, que fazem Venda Nova ser modelo. “Muita gente aprendeu com Venda Nova. Eu sou só um deles. Eu aprendi a ser solidário, aprendi a prestar serviço gratuito, eu aprendi a contribuir com todos aqueles que pretendem fazer alguma coisa pela comunidade”.

O advogado reforça que a pátria de Venda Nova é o povo. “O descendente italiano tem essa característica de prosperar, de progredir, de ter a casa mais bem cuidada, com o quintal varrido e com a grama verde”. Ele, que morou em várias cidades, dentre elas Belo Horizonte, e que foi empresário do ramo de comércio e de transporte, afirma que veio aprender a viver observando o povo de Venda Nova.

“Eu vou guardar essa homenagem no fundo do meu coração pelo resto da minha vida. Essa homenagem que para mim significa um registro civil como cidadão vendanovense, assim como fui batizado quando aqui cheguei e três advogados abonaram minha inscrição na OAB. Essa homenagem, fruto da proposição do vereador Amilton Marques Pacheco e aprovado por todos os vereadores, é o meu segundo registro civil”.

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