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Trabalho artesanal- A arte do ponto a ponto

Trabalho artesanal- A arte do ponto a ponto

Enquanto a paixão pelo bordado cresce pelo mundo, atelier/escola de bordados do Instituto Jutta Batista da Silva resgata técnicas artesanais em Venda Nova

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Inaugurada em maio deste ano, a 'Da Tutte Mani Escola de Bordados', em Venda Nova ensinou o 'ponto cruz' no primeiro curso ofertado. De lá pra cá, o aprendizado entrou em ritmo acelerado e os 12 cursos previstos para este ano já foram concluídos e novos estão com inscrições abertas, previstos para outubro e novembro.

A Da Tutte Mani Escola de Bordados é um espaço criado pelo Instituto Jutta Batista da Silva- IJBS, com objetivo de dar destinação aos materiais recebidos por doações, como tecidos, botões, linhas, agulhas e outros. Na outra vertente, está a formação de mão-de-obra voluntária, que precisa ser renovada. “As voluntárias atuantes nos projetos sociais são, em maioria, mulheres acima de 60 anos e há uma preocupação em perpetuar as técnicas trazidas durante gerações”, explica Marlene Piazzarollo Zandonade, superintendente executiva do IJBS.

Ao proporcionar oferta de diversos cursos na área do artesanato e bordados, o IJBS também colabora com a transformação social e na geração de emprego e renda para as comunidades assistidas pela entidade na Região Serrana do Estado do ES. “Além do trabalho voluntário melhor preparado, há mudança no cenário econômico proporcionando a estas mulheres uma possibilidade. Outro ponto é o lado emocional, pois muitas chegam tristes e isoladas e, ao frequentar as aulas, encontram outro grupo de convivência.”

As frequentadoras, de diferentes   faixas etárias, já aprenderam técnicas de inúmeros bordados como: ponto reto, ponto cheio, ponto sombra, ponto palestrina , ponto casear, brolha, vagonite, ponto crivo, bainha aberta, crochê, e ponto matiz. Dentro dos próximos estão incluídas novidades como o ponto corrente e vários cursos serão repetidos, só que em horários diferentes para beneficiar outros grupos.

Para passar as técnicas, mulheres experientes da própria comunidade estão repassando seus conhecimentos. Elas são contratadas pelo IJBS/Sesi e ministram as aulas em um dos três turnos e até agora, a organização percebeu que o público mais jovem tem preferência pelo horário noturno.

Além de oferecer possibilidades de uma nova ocupação social e oportunidades de trabalho a partir dos cursos ministrados em parceria com o Serviço Social da Indústria – SESI, a Da Tutte Mani permite a interação entre as comunidades e também está aberta para pessoas que buscam espaços para se expressar, criar e desenvolver-se como cidadão pleno.

Os cursos são, essencialmente, direcionados a famílias com menor poder aquisitivo. A Escola fica localizada no   bairro São Miguel, em Venda Nova do Imigrante.

História dos bordados

Estima-se que a história dos bordados se iniciou ainda na pré-história, utilizando-se uma espécie de técnica ponto cruz primitiva, onde ao invés das agulhas eram utilizados ossos retirados dos animais que eram caçados e ao invés do fio de linha, fibras de vegetais ou tripas de animais para costurar as roupas    feitas de peles de animais.

Na Grécia Antiga e também no Egito, o bordado era utilizado na maioria das túnicas. Durante toda a Idade Antiga, o bordado foi retratado como algo de classe e nobreza, onde somente as túnicas de pessoas ligadas à nobreza eram assim confeccionadas.

Já no Século VII, o destaque ficou por conta do Oriente que desenvolveu os bordados com imagens de sol, lua, estrelas, dragões e montanhas que são símbolos de vital importância para a Cultura Oriental e utilizados como símbolo de poder dos imperadores, inclusive os chineses.

A criatividade dos bordados foi se intensificando durante a era medieval, surgindo a partir de então as técnicas de recorte e rendas.

Durante o Renascimento, o bordado começou a ganhar destaque decorativo nos ambientes, onde desenvolveram-se os bordados com diversas imagens, no entanto ainda era restrito e sendo confeccionadas desde as roupas de pessoas da corte, até mesmo os enxovais, com as bordadeiras copiando imagens simbólicas.

A partir do século XVI, com a Itália a prática foi se tornando comum em todo o Ocidente, sendo inclusive realizada por damas e rainhas e toda a nobreza, nessa época se tornaram comuns utilizar-se de temas de pinturas, religiosos e históricos, refletindo assim a valorização da cultura ocidental europeia.

Nos séculos seguintes, com a ascensão da Inglaterra e       depois dos Estados Unidos, o bordado passou a ser popular, surgindo com letras do alfabeto, casas, flores, entre outras artes desenvolvidas pelo próprio bordador e não apenas cópia de imagens históricas.

 No século XVIII, com a popularidade, especialmente entre as mulheres, o bordado foi se consolidando e ganhando as famosas revistas com dicas passo a passo.

Vendo essa popularidade, o homem decidiu que era hora de mecanizar a costura e o bordado, tendo surgido, a partir de então, as primeiras máquinas de bordar. Joseph Madesperger inventa em 1814 o primeiro modelo de máquina de bordar.        A partir de 1870, surgiram os teares para bordar a mão. Porém a grande Revolução Industrial no ramo foi a máquina de ponto zig-zag inventada por Helena Augusta Blanchard Portland.

Ambas as técnicas manual e mecanizadas passaram a conviver, no entanto, a bordagem com as máquinas era considerada de baixa. Isso foi melhorado e aperfeiçoado na década de 1980 quando surgiram as primeiras máquinas de bordar eletrônicas e informatizadas, que têm como função a de ler uma figura a ser bordada e decodificar para que a movimentação seja feita de forma correta e precisa.

Dicas para começar a bordar

* Comece com um trabalho pequeno, para terminar logo e se animar com o próximo.

* Planeje a cartela de cores antes de começar, mas não se prenda a ela se achar que não está ficando bom.

* Tenha bons materiais. Pano bom, agulha boa, linhas de qualidade. Matéria-prima é tudo, em qualquer trabalho manual.

* É prático pendurar a tesoura no pescoço num cordão de fita, pois assim estará sempre à mão quando precisar.

* Deixe quitutes e água por perto para fazer pequenas pausas prazerosas.

* Escolha um lugar iluminado e aconchegante. Bordar em locais escuros prejudica a visão.

* Idealize o que você vai fazer, onde e em que ordem. Mas saiba abandonar o que planejou e deu errado.

* Bordar com companhia é muito mais gostoso! Chame amigos para bordar e conversar.

* Guarde seu material com carinho, crie sua própria organização. Cada pessoa tem seu jeito. O importante é saber onde estão suas coisas quando precisar delas.

* Monte um kit de bordado prático para levar na bolsa, versão mini que caiba em uma nécessaire, para bordar naquelas horas perdidas do dia, no avião ou na sala de espera do médico.

* Tenha sempre uma almofada de agulhas e alfinetes, para não correr o risco de espetá-los no sofá ou na cama e acabar se machucando.

* A preguiça é inimiga do bordado: se não ficou bom, desmanche e recomece.

* Guarde os bordados que você começou e não terminou. Às vezes, depois de um tempo, você pode retomá-los com outro olhar.

* Por outro lado, não torne o abandono um hábito. É importante terminar. Não há nada mais gostoso que um bordado acabado.

* Faça um caderno de referências, com fotos, recortes de revista, embalagens, frases e tudo o que você gosta. Qualquer desenho pode virar bordado.

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