Ela começou com um café colonial em Pedra Azul e agora faz sucesso com o Hora Extra, em Venda Nova. Antes, porém, temos que conhecer a história da mulher que sonhou, buscou e agora está à frente deste projeto com a parceria do esposo.

Tudo começou com os sonhos de Flávia, que sempre desejou ser dona do próprio negócio. Ela percebeu a oportunidade quando um dia conversando com um amigo recebeu a proposta de comandar o café colonial. “Tomei um susto e fiquei surpresa. Sabia que meu trabalho era reconhecido, mas não tinha dinheiro para investir e estava cheia de dúvidas. Mas algo me dizia: 'Por que não?' Eu precisava aceitar. Tinha que dar certo. Foi a grande oportunidade de arregaçar as mangas e trabalhar ainda mais.”

O sucesso na direção do café colonial foi resultado do empreendedorismo dela e do esposo João Paulo ao unir a experiência dela, a visão de negócio dele e a atitude proativa do casal. A oportunidade surgiu praticamente da noite para o dia mas a experiência já os havia preparado. “Trabalhei durante 20 anos como chefe de restaurante, sendo  responsável por atender os hóspedes e turistas. Às vezes eram grupos grandes em eventos e tudo precisava ser arrumado com rapidez e precisão.”

Em novembro de 2012, Flávia e João assumiram o café colonial e começaram a ver as necessidades. O início foi difícil, pois sem grana para os investimentos era preciso comprar somente o essencial e trabalhar com foco no acerto sempre. Com a rotina muito puxada, tinham que estar de pé bem cedo, pegar um ônibus em Venda Nova às 5h50 rumo a Pedra Azul, para preparar o café para os hóspedes e turistas. O expediente só terminava altas horas da noite e quando não tinha carona voltavam de táxi. Foi assim durante cerca de seis meses, de segunda a segunda, até as contas começarem a se equilibrar e possibilitar a compra de um carro.

Flávia assumiu a cozinha durante a semana e o restaurante nos finais de semana e João Paulo ficou responsável pelo salão. Os clientes foram chegando, sentindo e gostando das propostas e o boca em boca positivo foi dando credibilidade, atraindo mais e mais pessoas. “Além de oferecer comida de primeira, feita com muito amor e higiene, acima de tudo, prezamos pelo bom atendimento. Tratamos nossos clientes com muito respeito oferecendo o melhor de nós.”

O bom humor e o trato com o cliente contrastavam com as dificuldades dos bastidores, com rotina puxada. É só relembrar a última gravidez de Flávia, em especial no dia do parto. Aos nove meses, a barriga esbarrava entre as mesas e, ao final de um domingo movimentado até a noite, pois era véspera de feriado, ela chegou em casa praticamente de madrugada com muitas dores nas pernas. “Antes do banho resolvi sentar um pouco e esticar as pernas, foi quando a bolsa estourou e tive que partir para o hospital. O Bernardo nasceu e, mesmo ali na maternidade, tive que organizar e fazer compras. Dias depois já estava de volta à rotina e, entre uma amamentação 

e outra, eu entregava os pedidos dos clientes. Tenho a sorte de ter uma família muito unida e poder contar com a ajuda da minha sogra nessa primeira fase do bebê”.

Flávia tem mais duas filhas, as adolescentes Pamella e Amábilli, que têm se revelado companheiras da vida e do trabalho. “É gratificante poder criar meus filhos ensinando o valor do trabalho. Eles estão aprendendo na prática o que muitos não têm nem na teoria. Estamos dando esta oportunidade a eles, mostrando a realidade do dia-a-dia.”

Já que a vida pessoal gira em torno do trabalho, a família constrói maneiras de se manter unida, sempre dando um jeito de sair junta, almoçar fora ou comer um petisco em um local diferente. “São os pequenos 'luxos' que tornam a jornada prazerosa. Algumas vezes chegamos em casa tomamos um taça de vinho, provamos um queijo e, no final das contas, lá se foram horas conversando sobre o trabalho e projetos novos.”

Hora Extra

Sempre em sintonia, o casal já estava de olho em um ponto em Venda Nova. E em dezembro de 2015 assumiu a açaiteria Hora Extra com a proposta de envolver as filhas no novo empreendimento da família. “Estamos trabalhando mais para imprimir nossa cara no negócio e contando com a disposição das meninas para ficar na linha de frente sob o nosso olhar e cuidado.”

Além de contar com a ajuda das filhas, o casal tem cinco funcionários e contrata ajuda extra quando tem algum evento grande ou feriado e já espera um grande movimento. “Muito do nosso sucesso é a parceria com nossos funcionários. Conseguimos montar uma equipe sólida, com pessoas boas com quem mantemos relação de amizade, reconhecendo o lado humano delas.”

Hoje Flávia diz que se arrepende de não ter tomado antes a decisão de ser dona do próprio negócio. “Um conselho: tenhamos coragem e persistência. Se não der certo na primeira, vai dar na próxima. A luta é dura e cansativa, mas vale muito a pena ver as coisas caminhando, dando certo.”

Flávia, assim como toda família, sonha com a casa própria. Ela sabe que para concretizar este projeto, é preciso que os negócios continuem dando certo. Ela acredita na união da família, na coragem de fazer investimento e na busca da profissionalização.